O tempo que a cannabis permanece detectável no organismo humano não possui uma resposta única e varia drasticamente de pessoa para pessoa. A janela de detecção, que pode ir de poucos dias a mais de um mês, depende de uma complexa interação de fatores, sendo a frequência de uso o mais determinante.

Testes de drogas, aliás, não buscam apenas o tetrahidrocanabinol (THC), o principal componente psicoativo. Eles procuram seus subprodutos metabólicos, que persistem no corpo por um período muito mais longo.

Como o corpo processa a substância

Quando a cannabis é consumida, o THC entra na corrente sanguínea e viaja pelo corpo. Ao passar pelo fígado, ele é decomposto em várias substâncias, incluindo um metabólito inativo chamado 11-nor-9-carboxi-THC (THC-COOH). É este subproduto que a maioria dos testes de drogas procura.

Diferentemente do THC ativo, o THC-COOH é lipossolúvel. Isso significa que ele se liga e fica armazenado nas moléculas de gordura do corpo. A partir daí, é liberado lentamente ao longo do tempo, sendo eliminado principalmente pela urina e fezes.

Fatores que afetam a permanência da cannabis no organismo

Diversos elementos influenciam o tempo que esses metabólitos permanecem no sistema. A frequência e a dose do consumo são cruciais; usuários crônicos e que consomem doses maiores acumulam mais THC-COOH na gordura, levando muito mais tempo para eliminar a substância do que um usuário ocasional.

Além disso, o metabolismo individual, a genética (que afeta as enzimas do fígado) e a quantidade de gordura corporal da pessoa desempenham papéis significativos na velocidade da eliminação.

Métodos de detecção e janelas

Os métodos de testagem mais comuns são urina, sangue, saliva e cabelo, cada um com janelas de detecção distintas.

Teste de urina: É o padrão mais utilizado. De acordo com uma revisão da Mayo Clinic Proceedings, a detecção na urina pode variar de:

Uso ocasional: Aproximadamente 3 dias.

Uso moderado: 5 a 7 dias.

Uso diário: 10 a 15 dias.

Uso crônico (várias vezes ao dia): Mais de 30 dias.

Sangue e saliva: No sangue, a presença do THC ativo é curta, desaparecendo em poucas horas. No entanto, o metabólito THC-COOH pode ser rastreado no plasma sanguíneo por até 25 dias em alguns casos.

Testes de saliva geralmente detectam o uso recente, variando de um a três dias para usuários ocasionais, mas podendo chegar a 29 dias em usuários crônicos.

Teste de folículo capilar: Este método oferece a janela de detecção mais longa, podendo identificar a cannabis no organismo por até 90 dias. Contudo, pesquisas indicam que este método é mais eficaz para detectar usuários frequentes e pode ser menos confiável para uso ocasional.

Com informações de El Planteo