Psoríase: causas, sintomas e novos tratamentos com fitocanabinoides
Entenda as principais causas da psoríase, como ela afeta a qualidade de vida dos pacientes e as novas abordagens terapêuticas, incluindo o uso de fitocanabinoides, com a Dra. Ludmila Militão.
Publicada em 27/01/2025
Imagem Ilustrativa: Canva Pro
A psoríase é uma doença crônica da pele que afeta cerca de 5 milhões de pessoas no Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Caracteriza-se por manchas avermelhadas ou rosadas, cobertas por escamas esbranquiçadas, e, embora não seja contagiosa, pode afetar significativamente a qualidade de vida dos pacientes. A psoríase pode surgir na infância, mas atinge principalmente a população adulta entre 20 e 40 anos. Além das lesões visíveis, a doença pode causar incapacidade, levando a direitos como o BPC-LOAS, e pode ser agravada por fatores como estresse, ansiedade e falta de exposição ao sol. Seu tratamento envolve medicamentos tópicos, orais e imunológicos, mas, por ser uma doença autoimune, também pode estar associada a outras condições, como a artrite reumatoide.
Conversamos com a dermatologista Ludmila Militão, com foco em Medicina Regenerativa, para entender mais sobre os desafios no manejo da psoríase e as novas abordagens no tratamento da doença, incluindo as possibilidades oferecidas pela terapia à base de canabinoides. Durante nossa entrevista, Ludmila compartilhou sua experiência e informações sobre os avanços terapêuticos, como o uso de fitocanabinoides, e o impacto desses tratamentos na qualidade de vida dos pacientes.
1 - Drª Ludmila, quais são as principais causas e fatores que desencadeiam a psoríase? Acredita-se que haja uma combinação de fatores genéticos e ambientais, ou algum fator específico tem maior peso no desenvolvimento da doença?
A psoríase é uma condição multifatorial, ou seja, ela resulta da interação de diversos fatores, principalmente genéticos e ambientais. Os genes são responsáveis por uma grande parte da predisposição, especialmente em pessoas com histórico familiar da doença. Mas fatores externos, como estresse, infecções, lesões na pele e até o clima, podem desencadear ou agravar a condição. Em algumas pessoas, o estresse emocional tem um peso significativo, podendo até iniciar um surto. No fim, a genética dá o tom, mas o ambiente e o estilo de vida é que podem dar o empurrão inicial.
2 - Recentemente, estudos apontaram que o hormônio hepcidina pode estar envolvido no desenvolvimento da psoríase. O que a senhora pensa sobre essa descoberta e como ela pode impactar o tratamento da doença no futuro?
A descoberta de que a hepcidina pode ter um papel na psoríase é promissora. A hepcidina é um hormônio que regula o ferro no corpo e tem efeitos inflamatórios, o que pode estar relacionado ao agravamento da psoríase. Se confirmada sua contribuição no desenvolvimento da doença, essa informação pode abrir portas para tratamentos mais eficazes e direcionados que justificam ainda mais a terapia com os fitocanabinoides. Em vez de tratar apenas os sintomas, poderemos atuar diretamente nesse caminho inflamatório, o que poderia resultar em terapias mais precisas e com menos efeitos colaterais.
3 - No tratamento da psoríase, a cannabis tem sido mencionada como uma alternativa terapêutica. Quais os benefícios da cannabis no manejo dos sintomas dessa doença crônica, especialmente no controle da inflamação e da dor?
A cannabis tem ganhado destaque no tratamento de várias doenças inflamatórias, e a psoríase não é exceção. O CBD (canabidiol), por exemplo, tem propriedades anti-inflamatórias bem documentadas e pode ajudar a controlar a inflamação, uma das principais características da psoríase. Não somente o CBD, mas também o THC têm efeito analgésico, ajudando a aliviar a dor e coceira associada às lesões cutâneas. Fora isso, a cannabis pode ajudar no controle da ansiedade e do estresse, que muitas vezes pioram os sintomas da psoríase. Por ser uma doença que envolve tanto o aspecto físico quanto psicológico, a cannabis pode ter um impacto positivo no bem-estar geral dos pacientes.
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4 - A psoríase pode afetar não apenas a pele, mas também a qualidade de vida dos pacientes. Como a cannabis pode melhorar a qualidade de vida desses pacientes, especialmente em relação ao estresse e à ansiedade que muitas vezes acompanham a condição?
Com certeza, a psoríase afeta a qualidade de vida de forma ampla, e o estresse e a ansiedade são fatores que agravam o quadro. A cannabis, especialmente o CBD, pode ajudar muito nesse aspecto. Ela tem propriedades ansiolíticas que podem reduzir os níveis de estresse e promover uma sensação de relaxamento, o que ajuda a controlar a psoríase de forma indireta. Quando o paciente se sente mais calmo e equilibrado emocionalmente, é possível observar uma melhora nas manifestações da doença e o contrário disso pode levar a manifestação de lesões mais exuberantes e resistentes aos tratamentos. No consultório, além da análise clínica, usamos questionários como o PASI (Psoriasis Area and Severity Index), que avalia a severidade da psoríase nas diferentes partes do corpo. Também podemos aplicar o DLQI (Dermatology Life Quality Index), que ajuda a medir o impacto da psoríase na qualidade de vida do paciente, incluindo aspectos psicológicos, sociais e emocionais. O PDI (Psoriasis Disability Index) também é um questionário que pode ser usado, focado em medir o impacto da psoríase na funcionalidade do paciente. Esses questionários servem para monitorar a evolução da doença e adaptar os tratamentos, garantindo que cada paciente tenha o cuidado mais adequado possível.
5 - Em relação ao uso de cannabis para tratamento de psoríase, existe algum risco ou contraindicação que os pacientes devem estar atentos, e como a pesquisa está evoluindo para validar ainda mais essa terapia?
O uso da cannabis medicinal, como qualquer terapia, precisa ser supervisionado por um médico. Embora os efeitos colaterais da cannabis sejam geralmente leves e bem tolerados, alguns pacientes podem sentir sonolência excessiva, alterações no apetite ou náuseas. São efeitos que podem ser transitórios ou não, pois podem também depender do ajuste da dose, o que é algo super personalizado na terapia com os fitocanabinoides. Além disso, a cannabis pode interagir com medicamentos, como por exemplo os benzodiazepínicos, opioides, medicamentos para o sono, anticonvulsivantes, anticoagulantes e outros. Então é importante ter uma avaliação cuidadosa do caso. A pesquisa sobre o uso da cannabis no tratamento da psoríase está avançando e tenho certeza que ainda há muito para ser revelado, assim como a descoberta recente do hormônio hepcidina que está envolvido na fisiopatologia dessa doença. Com o tempo, acredito que a cannabis medicinal se tornará uma terapia cada vez mais validada, segura e eficaz para os pacientes com psoríase.