Por Bruno Vargas

Diamba - História do Proibicionismo no Brasil. Este é o título do documentário em quadrinhos criado pelo músico, cineasta e cartunista, Daniel Paiva e produzido pela Brasa Editora - Quadrinhos Brasileiros.

Em 2020, Daniel publicou Beto e Dé e outros Quadrinhos Canábicos, uma coletânea de tirinhas e HQs onde “Dois jovens, fumando um no sofá, conversam sobre o cotidiano dos maconheiros", segundo ele. Agora, no livro Diamba, o cartunista pretende trabalhar a temática da cannabis de uma forma mais séria. 

“É um manifesto antirracista capaz de aquecer o debate da legalização da maconha, mostrando a realidade da guerra às drogas no Brasil”, comenta o cartunista. Além disso, o documentário expõe feridas históricas, colocando o leitor para refletir sobre a proibição de uma planta milenar com valores medicinais comprovados pela ciência.    

Até o dia 06 de setembro, o livro encontra-se em pré-venda com 20% de desconto no site da Brasa Editora. O lançamento oficial ocorre na Bienal de Quadrinhos de Curitiba/PR, entre os dias 07 e 10 de setembro e na Expo Cannabis Brasil, dia 15, 16 e 17 do mesmo mês. 

Personagem fictício; histórias reais

O livro contém diversos relatos históricos, contemplando desde os primeiros registros do uso de cannabis na China Antiga, passando pelas grandes navegações, escravidão, até chegar nas discusões de descriminalização das drogas atuais. Para isso, a partir de uma notícia verdadeira, Daniel criou um personagem fictício, figura central do documentário.

“Inventei uma figura, que nem nome tem, pois, para mim, representa vários jovens negros de periferia brasileira. O livro inicia neste rapaz levando uma ‘dura’ da polícia por usar um boné estampado com uma folha de maconha. Ele é preso, fica próximo de seu colega de cela e assim começa a desenrolar a sua história”. Relata o cartunista.

Além disso, por meio de flashbacks, Diamba - História do Proibicionismo no Brasil apresenta casos reais, como a prisão do cantor Gilberto Gil e da banda Planet Hemp. Ou o surreal Verão da Lata, ocorrido em 1987, quando um navio despejou no litoral brasileiro, mais de 15 mil latas com 22 toneladas de maconha da maior qualidade.

Free Boldinho

Daniel começou sua trajetória como ativista muito antes de escrever o livro Beto e Dé e outros Quadrinhos Canábicos. “Sempre entendi a importância da atuação política. Participei de marchas da maconha com apenas 30 pessoas, quando tinha mais jornalistas que militantes”, relata o cartunista.

Em 2020, com menos de um mês de lançado, Daniel recebeu uma notificação extraconjugal alegando que seu personagem Boldinho - paródia do Cebolinha da Turma da Mônica - era um descrédito para a obra original. Depois do ocorrido, o cartunista precisou retirar seu livro de circulação por um tempo e hoje recorta manualmente as páginas sobre o Boldinho. Fator muito importante na decisão de escrever Diamba - a História do Proibicionismo no Brasil.