Regulamentação da cannabis sugere consumo mais saudável, segundo estudo piloto na Suíça

Dados preliminares indicam uma diminuição no consumo médio de flores e haxixe; uso de extratos, vapes e comestíveis tiveram um aumento

Publicada em 12/07/2024

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Lojas de cannabis com especialistas treinados foram inauguradas na Suíça/ Imagem: Vecteezy

Os primeiros dados coletados do estudo Projeto Grashaus sobre a distribuição controlada de cannabis para uso adulto na Suíça, no cantão de Basileia-Landschaft, estão agora disponíveis. Lançada em 2023, a pesquisa terá duração de cinco anos.

O estudo é um dos sete aprovados pelo Escritório Federal Suíço de Saúde Pública (OFSP). Seu objetivo principal é compreender as implicações do acesso regulamentado à cannabis. As informações obtidas servirão de base para futuras regulamentações sobre a maconha na Suíça.

Como parte deste projeto-piloto, lojas de cannabis com especialistas treinados conhecidos como “budtenders” foram inauguradas. A primeira abriu em dezembro na comuna de Allschwil. Esses especialistas educam os consumidores sobre um uso mais seguro da planta, além de oferecerem informações e conselhos sobre diversos produtos, como flores secas, haxixe, comestíveis e extratos.

O Sanity Group, entidade alemã e a única empresa estrangeira que participa em projetos-piloto de cannabis na Suíça, fornece os dados iniciais. Mais de 700 pessoas inscreveram-se no estudo criado para incluir até 4.000 consumidores, conforme a Cannabis Health. 

Como parte do estudo, são registrados o comportamento de consumo e a saúde física e mental dos participantes. Além disso, as repercussões sociais também são analisadas em colaboração com o Ministério Público.

 

Menor risco nas formas de consumo

 

A primeira análise dos dados coletados examinou a distribuição por idade e gênero dos participantes, quantidades de produtos de cannabis dispensados, formas e frequência de consumo e desistências. Aproximadamente 80% dos participantes são homens e cerca de um quarto tem entre 23 e 27 anos.

Por volta dos quatro meses de estudo, foi observada uma diminuição no consumo médio de flores e haxixe. Em contrapartida, formas de uso como extratos, vapes e comestíveis tiveram um crescimento. Mais especificamente, as vendas de extratos aumentaram 50% desde o lançamento. A análise sugere que “aconselhamento profissional específico” pode ter causado esta mudança de tendência.

A reação inicial ao estudo é positiva. “Segurança de fornecimento” e “qualidade do produto” foram os principais motivos de participação. Durante estes seis meses, foram distribuídos mais de 5.000 produtos, incluindo 35 kg de flores de marijuana e cerca de 4 kg de haxixe.

Outro fato significativo é que a proporção de compras paralelas de produtos do mercado ilícito parece estar diminuindo na região do estudo.

“O facto de termos conseguido registar estes sucessos iniciais, graças em parte ao aconselhamento profissional específico nos pontos de venda, é um desenvolvimento encorajador”, afirma o professor Michael Schaub, diretor científico do Instituto Suíço para Investigação em Dependência e Saúde ISGF.

Segundo o professor, o objetivo do projeto-piloto é tornar os produtos seguros e de alta qualidade. “Assim, podemos minimizar os riscos para a saúde dos consumidores”, completa Schaub.

Por fim, o diretor do Centro responsável pelo estudo afirma que é necessário desestigmatizar o uso da maconha e “criar uma base baseada em evidências para o futuro debate sobre a legalização na Suíça”.



Conteúdo publicado originalmente no El Planteo.