O governo do Zimbábue busca consolidar uma indústria de cannabis medicinal e industrial, visando um mercado global que deve ultrapassar US$ 200 bilhões até 2028. Desde a legalização em 2018, o país sul-africano enfrenta desafios para atingir seu potencial bilionário, mas aposta em parcerias estratégicas e no cultivo em larga escala para alavancar sua economia.

A produção de cannabis é regulamentada pela Autoridade de Controle de Medicamentos do Zimbábue (MCAZ), que permite o cultivo de plantas com alto teor de THC e CBD. Apesar do avanço no setor, o consumo doméstico de cannabis continua proibido. Até o momento, o país concedeu 59 licenças de cultivo, embora a maioria das operações ainda esteja em fase de construção. A expectativa é que a produção cresça e as exportações comecem a gerar receita nos próximos anos.

Em paralelo, a Agência de Investimento e Desenvolvimento do Zimbábue (ZIDA) tem trabalhado para atrair investimentos, enquanto o governo busca diversificar sua base agrícola, historicamente dependente do tabaco, em resposta às pressões internacionais para reduzir o cultivo dessa cultura.

A transição para a cannabis medicinal é vista como uma alternativa viável ao declínio esperado da demanda global por tabaco. Com o apoio de instituições como o Fundo de Cânhamo Industrial do Zimbábue (ZIHT) e o instituto de pesquisa Kutsaga, o país está desenvolvendo conhecimento técnico e investindo em infraestrutura para transformar a cannabis em um dos pilares da economia local. O cânhamo, por ser mais fácil de cultivar e com regulamentação menos rígida, tem atraído um número maior de agricultores, mas é o setor medicinal que promete maior retorno financeiro.

No entanto, os custos elevados para obter licenças, que chegam a US$ 50 mil, e as exigências de monitoramento rigoroso têm sido obstáculos para o crescimento acelerado da indústria. Apesar disso, o governo permanece otimista, almejando capturar pelo menos um bilhão de dólares do mercado global até 2028. Segundo o ministro das Finanças, Mthuli Ncube, a indústria de cannabis poderá superar a receita gerada pelo tabaco, uma das principais fontes de renda do país até então.

Fonte: Talking Drugs