Raio-X da "jabuticannabica" brasileira
Em uma analogia, nosso colunista, Pedro Sabaciauskis, discute como a cannabis pode se tornar a jabuticaba brasileira através das mudanças de pensamentos e preconceitos que cercam a planta
Publicada em 31/08/2021

Coluna de Pedro Sabaciauskis*
Caro leitor dessa coluna, após algum tempo sem escrever pra esse simpático e útil canal de comunicação que é o querido Sechat, voltei! Voltei porque amo falar daquilo que mais nos move. O mundo maravilhoso e inesperado da cannabis. Parece até um pouco blasé esse primeiro parágrafo (rsrs) e talvez seja mesmo, mas faço esse texto sábado, filosofando à noite com uma taça de vinho e um frasco de óleo ao lado, no intuito de compartilhar as angústias vindas de uma leitura da cannabis no Brasil.
Bicho, bem complexo...
Mas vamos lá, a questão é: Estamos olhando um belo jardim de "jabuticábicas" que produzirão as mais lindas flores e frutos ou uma selva de oportunidades onde ninguém se entende e cresce de forma agressiva onde cada organismo se estapeia pelo mesmo nicho antes mesmo de o mercado começar?
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- Vamos aos números:
- 0 regulamentação
- 2 remédios na farmácia
- 500 Habeas corpus
- 6 clínicas “especializadas”.
- 2 aceleradoras (que não conseguiram acelerar nada até agora)
- 3 empresas analisando dados (precários)
- 36 associações formalizadas (que não se entendem )
- 20 “formalizando”
- 0,25% dos médicos receitando
- 1 grande evento generalista
- 3 summits medicinais
- 4 aplicativos que ligam médico ,à paciente e à remédio (decepcionando investidores)
- Trocentas empresas já estão dentro via importação
- Trocentas querendo entrar
- Trocentos escaladores sociais e empresariais (vindo de tudo quanto é canto do mercado)
- Putz pera aí… trocentas não é número, vai ficar difícil essa equação.
Se isso não é uma "jabuticannabica", como poderíamos chamar esses números exóticos brasileiros?? Bom, melhor fazer uma análise filosófica mesmo… Bem, já que é filosófica a liberdade de raciocínio me da asas pra pensar que os dois posicionamentos sobre a questão acima estão certos um terá êxito ou outro tenho minhas dúvidas.
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Na minha opinião acho que teremos um jardim de "jabuticannabicas" lindas e cheirosas flores e frutos desde que sigamos a lei da natureza e do universo, pois esse é o elo de ligação da cannabis com a evolução humana. Precisamos realmente entender o que a cannabis tá querendo nos dizer e, ela tá berrando o seguinte:
“SEJAM GENEROSOS COMO EU SOU”

Sim, não existe nada mais generoso do que a cannabis, basta ver a sua atuação na saúde ajudando em vários diagnósticos de forma barata (via desobediência civil) até a multiplicidade de produtos que ela pode se transformar. Não conheço nada mais bondoso.
Os que realmente entenderem esse recado e entrarem nessa "vibe" sinérgica de troca e generosidade serão “cases” ou “players” de sucesso. Acho que assim os "Farialimers" entendem. Agora se for se estapear pelo mesmo nicho nessa zona cinza sem criar laços sociais, coletivo e de transformação real não sobreviverá quando abrir o mercado, pois terá gastado toda sua energia em um modelo que não funcionará no mercado de cannabis no Brasil.
POR QUE?
Porque nós já estamos produzindo lindas "jabuticannabicas", orgânicas, pretinhas, brilhantes, suculentas e cheirosas que são a verdadeira raiz da planta no Brasil, que simplesmente ouviu o que essa entidade chamada cannabis está dizendo. Basta olhar o sucesso de algumas associações empreendedoras e iniciativas de sucesso espalhadas pelo país.
Isso mesmo, agora é hora de suplantar as barreiras psicológicas naturais que temos, como por exemplo: Social e capital não tem compliance pra andar juntos, o mercado brasileiro vai demorar pois o cenário é ruim, o ativismo tem que brigar e ser radical... Isso tudo é lenda que repetimos cegamente e não nos evoluem... Essa é a real.
Vejamos por outro ângulo, as mesmas frases ditas de forma opostamente iguais:
Sim! Capital e social podem criar compliance!
O mercado brasileiro evolui independente do cenário!
O ativismo não briga e sim cria elos!
Viu como muda a visão se formos generosos?!?!
Então "please", ouçam a cannabis!!
E filosofemos!!
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