A contribuição que o cânhamo pode oferecer para as metas da COP-26

É importante lembrar que o Brasil assumiu na COP-26 o compromisso de reduzir em 30% a emissão de metano até 2030

Publicada em 18/11/2021

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Curadoria e edição Sechat, com informações de Monitor Mercantil

Por Marcelo De Vita Grecco

As discussões a respeito das mudanças climáticas nunca foram tão atuais quanto nos dias de hoje. Tudo o que fizermos neste momento, a favor ou contra o nosso planeta, terá consequências num futuro cada vez mais próximo de nós e, sobretudo, de nossos descendentes.

Por isso mesmo acompanhei com atenção e preocupação tudo o que aconteceu nesta 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-26), em Glasgow, na Escócia. Não há tempo a perder e não há outro planeta a nosso alcance no momento.

O planeta que temos para hoje, e também para o futuro, é este mesmo. Haja vista que nem todos os bilhões de dólares investidos e a mais moderna tecnologia disponível conseguiram levar os bilionários norte-americanos Jeff Bezos e Richard Branson muito além da estratosfera. Eles tiveram que retornar rapidamente à boa e velha Terra, mas puderam ver, por alguns instantes, tudo de mal que temos feito ao planeta ao longo dos últimos dois séculos.

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Parte da solução – E o que tem o cânhamo a ver com tudo isso? Qual a contribuição que essa planta tão versátil pode oferecer como reforço na busca de uma produção mais sustentável, em sintonia com as metas da COP-26? Minha resposta é: muitas.

Em minha opinião, o cânhamo faz parte da solução para um mundo mais sustentável. É uma das variedades da cannabis, com teores de tetrahidrocanabinol abaixo de 0,3%, portanto, sem efeito psicoativo algum. No entanto, ainda hoje há muito desconhecimento acerca dessa peculiaridade da planta, o que contribui negativamente para ofuscar os seus benefícios e aumentar o seu estigma. Mais do que isso, atrasar todo o potencial de suas mais variadas aplicações.

Captura de carbono – A planta cresce em praticamente todos os lugares do mundo e seu cultivo exige muito menos água e pesticidas, além de se desenvolver rapidamente. Com isso, absorve mais CO2 por hectare do que qualquer outra cultura conhecida. Cada tonelada do cânhamo sequestra da atmosfera 1,63 tonelada de CO2. Para surtir o mesmo efeito, seriam necessárias 2,86 árvores adultas, o que demandaria um bom tempo dependendo de cada espécie.

Fico imaginando o quanto o cânhamo, com suas propriedades descritas acima, não ajudaria no sistema Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), desenvolvido no Brasil pela Embrapa. Com a mesma área, o produtor pode abrigar essas três culturas, o que contribui para reduzir o desmatamento e a emissão de gases de efeito estufa. O metano emitido pelo gado é neutralizado pela fotossíntese das plantas da lavoura e da floresta. É importante lembrar que o país assumiu na COP-26 o compromisso de reduzir em 30% a emissão de metano até 2030.

Menos água – Outra contribuição da planta para o meio ambiente está no uso de água na sua produção. Enquanto culturas como a do algodão consomem 17 mil litros de água por quilo, o cânhamo exige apenas 700 litros para a mesma quantidade de fibra produzida, e ainda resulta numa matéria-prima muito mais resistente e duradoura. Garante também maior produtividade para soja e milho, de acordo com estudo do Instituto Rodale, da Pensilvânia, sobre rotação de solo realizado com o cânhamo em culturas orgânicas, com a diminuição da proliferação de ervas daninhas.

Isso sem contar a sua aplicação em mais de 25 mil itens industriais. É possível produzir etanol e biodiesel a partir do cânhamo. Imaginem o impacto infinitamente menor para o planeta na comparação com os combustíveis fósseis, como o petróleo, e suas consequências nefastas para o meio ambiente e para o aquecimento global.

Planta altamente proteica, seus grãos são ricos em proteínas, além de conter todos os aminoácidos essenciais, sem contar fibras e sais minerais. Seguramente, o cânhamo seria muito bem-vindo na complementação e reforço alimentar para populações carentes de todo o mundo.

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Sem volta – É também alternativa mais sustentável, por exemplo, na produção de papel. Meio hectare de cânhamo é suficiente para produzir a mesma quantidade de papel que precisaria de 1,5 a 4 hectares de outros tipos de árvores como, por exemplo, o eucalipto. O caule do cânhamo leva apenas quatro meses para ser colhido, contra até 20 anos dependendo da espécie de árvore usada pela indústria de papel e celulose.

A importância do cânhamo para o meio ambiente é reconhecida em várias partes do mundo. Exemplo disso é o recente anúncio nos EUA, do fundo RePlant Hemp Impact, focado no desenvolvimento da cadeia de abastecimento e infraestrutura de produção de cânhamo para uso industrial. Tendo como base iniciativas de ESG (meio ambiente, sustentabilidade e governança), o Replant Hemp Impact tem como meta injetar meio bilhão de dólares até 2030 na indústria do cânhamo.

O fato é que quando a discussão envolve sustentabilidade, não há como não lembrar da versatilidade do cânhamo. Por isso, o mundo precisa ter um olhar diferente para essa planta com inúmeros benefícios para o planeta, pois todo e qualquer esforço que fizermos hoje não será em vão, desde que façamos o mais breve possível. O relógio do clima não tem volta.

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