Crianças autistas apresentam melhoras após tratamento com Cannabis Medicinal
Estudo recente com 60 crianças que utilizaram a cannabis aponta que surtos comportamentais foram melhorados em 61% dos pacientes
Publicada em 14/01/2021
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O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por deficits persistentes na comunicação social, padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades e, muitas vezes, deficiências intelectuais. Como resultado, o TEA possui várias comorbidades prevalentes, como distúrbios do sono, distúrbio do déficit de atenção/hiperatividade e epilepsia. A estimativa é de que uma em cada 160 crianças é portadora do transtorno no mundo.
A cannabis, que tem como um dos seus componentes o canabidiol (CBD), demonstrou ser benéfica para crianças com autismo. Conforme um estudo recente com 60 crianças que utilizaram a cannabis, surtos comportamentais foram melhorados em 61% dos pacientes, problemas de comunicação em 47%, ansiedade em 39%, estresse em 33% e comportamento disruptivo em 33% dos pacientes. Além disso, também foram avaliados quesitos como qualidade de vida, do humor e a capacidade de realizar atividades cotidianas, antes e após seis meses de tratamento com a cannabis.
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Portanto, concluiu-se que o tratamento desses pacientes com canabinoides pode reduzir a ansiedade e os comportamentos autolesivos, além de ajudar a regular o sono e melhorar a interação social.
A transformação na vida da pequena Safyra Rodrigues
Da mesma forma, nos consultórios da Clínica Gravital, especializada em tratamentos com produtos à base de cannabis, a melhora é sentida na prática. É o que relata a dona de casa, Camila da Silva Rodrigues, mãe da menina Safyra Rodrigues, autista de quatro anos.
Ela conta que descobriu há pouco tempo que a filha sofria do TEA. Conforme afirma a mãe, a menina não falava, só gemia, ficava sempre com a mão no ouvido e os pais chegaram a pensar que ela tivesse problemas de audição. "Ela não interagia com outras crianças, sempre queria ficar sozinha e se a gente chamava, ela não respondia. Era terrível", lembra Camila.
Os pais desconfiavam que ela tivesse algum problema de saúde, mas só descobriram o espectro autista quando foram a um posto de saúde. Então, a médica indicou tratamentos com fonoaudiologista, psicólogo e terapeuta ocupacional. A criança passou por consultas com neurologista e psiquiatra, mas só apresentou melhora no quadro geral quando começou o tratamento com o canabidiol.
"Eu era resistente à ideia, mas meu marido me convenceu e foi bom porque rapidamente houve uma melhora. Em duas semanas de uso, a Safyra passou a apontar o que queria pedir para a gente, coisa que ela não fazia antes, e em mais duas semanas, já começou a balbuciar palavras. Mas, o mais incrível foi que ela desfraldou sozinha, pedindo para fazer xixi e cocô", conta a mãe.
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Estudos recentes reforçam o benefícios da Cannabis Medicinal para o autismo
Uma pesquisa realizada em setembro de 2019, analisou como o uso do canabidiol poderia mudar a atividade cerebral de uma pessoa. Para isso, 17 pessoas com TEA e 17 sem TEA consumiram CDB e foram submetidos a uma ressonância magnética. Os exames mostraram que o CBD aumentou significativamente a atividade em alguns locais específicos do cérebro nos participantes com o TEA, mas não provocou alterações relevantes nas pessoas sem TEA. Como resultado, os dados indicam que o CBD tem a capacidade de alterar a atividade cerebral em regiões implicadas no TEA.
Estes dados são corroborados com o relato da mãe de Safyra, com relação a melhoras cognitivas e também de interação com outras crianças e adultos. Conforme a mãe da menina, antes do tratamento, Safyra não interagia de forma alguma, mesmo frequentando uma escola regular. Atualmente, ela interage de forma regular com uma professora auxiliar contratada pela família e pede para aprender. "Vão fazer 4 meses que ela está tomando e a cada dia vem melhorando mais. É uma coisa impressionante, tudo o que ela quer ela pede e já está falando quase tudo. E agora ela chama as outras crianças pra brincar e está uma tagarela. Quando saímos de casa ela não quer voltar", se alegra.
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Gravital atende mais de 20 pacientes com TEA
Os psiquiatras da Gravital que já recomendaram o tratamento com a cannabis para mais de duas dezenas de pacientes autistas: Dr. Pietro Vanni e Dra. Júlia Garcia (no Rio de Janeiro), e Dr. Rodolfo Variani, Dr. Saulo Batinga e Dra. Andressa Martins (em Porto Alegre) dizem que casos como da pequena Safyra são comuns e que a resposta ao tratamento para autistas leves é surpreendente. "O autismo é uma condição extremamente difícil de tratar, com resposta insuficiente aos psicofármacos atualmente indicados. Por isso, é muito recompensador observar em pacientes autistas resultados tão eficazes com um tratamento altamente seguro que é o canabidiol." relata Dr. Pietro Vanni.
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A família toda comemora
"Hoje eu me sinto mais aliviada. Antes ficava triste porque a gente saía e ela queria ir embora e hoje ela pede pra sair, adora bagunça e só os barulhos mais altos a incomodam. Eu comprei um som e ela canta e dança. Meu sonho era ver a minha filha fazer o que as outras crianças fazem e hoje ele é real", se emociona Camila Rodrigues.