França distribuirá Cannabis medicinal gratuitamente

Como o cultivo de cannabis com altos níveis de THC ainda é ilegal no país, os fornecedores serão estrangeiros e colaborarão com laboratórios farmacêuticos franceses

Publicada em 30/10/2020

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O governo francês anunciou que em 2021 fará experiências com a distribuição gratuita de Cannabis medicinal. Por meio de um decreto também foi anunciado que 3 mil pacientes terão acesso à planta.

De acordo com um comunicado, as empresas participantes devem oferecer produtos de Cannabis medicinal sem custo, além de serem obrigadas a cumprir as normas farmacêuticas mais atualizadas, como as boas práticas de fabricação.

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A estimativa é que as primeiras prescrições fiquem prontas por volta de março de 2021. Nesse sentido, informaram que o experimento terá duração de dois anos.

Da mesma forma, de acordo com informações do Marijuana Business Daily, o documento também decreta que Olivier Véran, Ministro da Saúde da França, seja responsável pela execução do projeto, juntamente com Dominique Martin, diretor-geral da Agência Francesa de Segurança de Medicamentos e Produtos de Saúde (ANSM).

Ambas as autoridades decidirão as características, composição e especificações técnicas e farmacêuticas dos produtos de Cannabis medicinal. Eles também determinarão a lista de condições nas quais especialidades terão o poder de prescrevê-la durante o experimento e os procedimentos específicos para importar, armazenar, distribuir e controlar a cannabis.

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Com isso, Nicolas Authier, professor e presidente da comissão científica da ANSM, declarou que, em breve será lançado um convite para oferecer a seleção de produtos de cannabis. Como o cultivo de cannabis com altos níveis de THC ainda é ilegal na França, os fornecedores serão estrangeiros e colaborarão com laboratórios farmacêuticos franceses.

Ele também acrescentou que, embora o projeto ainda esteja a alguns meses de distância, a França já está comprometida em fornecer acesso à Cannabis medicinal.

A ANSM será responsável pela implantação de um cadastro — que atenderá aos objetivos da vigilância medicamentosa — que será atualizado com o consentimento dos pacientes, médicos e farmácias. Somado a isso, como acontece na Europa, a cannabis medicinal será prescrita como último recurso.

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Médicos e farmácias precisarão se inscrever em um programa de treinamento, mas a participação nos testes será voluntária. Finalmente, conforme relatado pelo Marijuana Business Daily, o orçamento necessário para o experimento ainda está pendente de aprovação pelo parlamento francês.

Efeitos da Cannabis medicinal

A substância, que vem da cannabis sativa, é usada para tratar diversas doenças. Seus resultados exitosos em questões de saúde têm levado cada vez mais países a legalizar sua comercialização. Por exemplo, nos Estados Unidos, mais da metade do território legalizou o uso medicinal da planta. Ela pode ser usado para:

- Aliviar a dor, desde crônica a lesão nervosa

- Controlar náuseas e vômitos resultantes da quimioterapia

- Estimular o apetite para ajudar pessoas que não comem o suficiente e a perder peso devido a doenças, como HIV/AIDS ou câncer

- Diminuir as convulsões e os efeitos da epilepsia

- Tratar glaucoma

- Aliviar espasmos musculares graves

- Tratar esclerose múltipla

- Os provedores em algumas regiões não têm permissão para prescrever cannabis medicinal para menores de 18 anos com doenças cardíacas, mulheres grávidas, pessoas com histórico de psicose, direção perigosa ou outros comportamentos de risco; bem como pacientes com irritação pulmonar e, claro, dependência da planta.

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Além disso, o uso medicinal da erva requer muita pesquisa para ter efeitos positivos para a saúde, pois ela contém substâncias conhecidas como canabinoides. O THC é um canabinoide que influencia o cérebro, resultando em mudanças no humor e na consciência.

A quantidade de THC varia de acordo com o tipo de planta. Isso às vezes torna os efeitos da cannabis medicinal difíceis de prever ou controlar. As consequências também podem variar dependendo se você fuma ou ingere.

Como qualquer substância que influencia o sistema nervoso, seu consumo acarreta possíveis efeitos colaterais: batimento cardíaco rápido ou irregular, tontura, sonolência, forte sensação de alegria ou bem-estar, perda de memória de curto prazo, dificuldade de concentração, confusão e ansiedade.

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Finalmente, deve ser mencionado que nas regiões onde o uso medicinal da planta é legal, uma declaração por escrito do provedor de saúde é necessária para obtê-la. Este documento deve explicar que o paciente precisa dela para tratar uma doença ou para aliviar seus efeitos colaterais. Seu nome será incluído em uma lista que permite ao paciente comprar cannabis de um vendedor autorizado.

Fonte: Luis Alberto Hernández/Nación Cannabis