A reclassificação da cannabis para a Tabela III pode transformar o setor e desafiar as regulamentações nos EUA
Especialistas analisam impactos na indústria com possível reclassificação pela DEA, prevista para 2025, enquanto incertezas políticas e novas exigências regulatórias aumentam os desafios.
Publicada em 29/11/2024
Imagem Ilustrativa: IA
A possível reclassificação da cannabis para a Tabela III, atualmente sob análise pela Agência de Combate às Drogas (DEA), pode reformular profundamente o mercado. Com a audiência adiada para 2025, participantes da indústria e investidores acompanham os desdobramentos, especialmente diante das incertezas políticas, como possível uma presidência de Donald Trump. Veja os principais pontos da análise divulgada pelo Benzinga.
Novas regulamentações e supervisão da FDA
A advogada Denise Pollicella, chefe do departamento de cannabis da Omnus Law, destaca que a reclassificação não impactará apenas o varejo, mas exigirá mudanças estruturais nas operações das empresas. Sob a supervisão da Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA), os padrões de grau farmacêutico precisarão ser adotados, com maior rigor na produção e testes.
“Quando se trata de um produto de grau mais farmacêutico, não apenas os padrões de produção terão que se tornar mais rigorosos, mas você também terá significativamente mais testes”, afirmou Pollicella. Segundo ela, uma indústria historicamente focada em segurança e controle de contaminantes, mas agora enfrentará critérios de rastreabilidade das sementes ao produto final.
Comércio Interessante e Novos Desafios
A reclassificação pode abrir caminho para o comércio interestadual, permitindo que produtores de um estado vendam para outros. Essa mudança pode remodelar cadeias de fornecimento e dinâmicas de mercado, mas também envolve complexidades regulatórias. Pollicella prevê que estados como Michigan, Pensilvânia e Flórida terão vantagens competitivas, devido aos esforços proativos de adequação às exigências federais.
“Michigan tentou se posicionar como sendo quase igual aos padrões da FDA”, explicou Pollicella, apontando que o estado pode se tornar um fornecedor importante para o Centro-Oeste.
Consolidação e fusões no horizonte
A reprogramação federal já estimula discussões sobre fusões e aquisições. As empresas que investem em infraestrutura de grau farmacêutico estão melhor posicionadas para atender à demanda crescente de farmácias e compradores em larga escala. Pollicella acredita que a consolidação será decisiva: "As empresas que cresceram de forma ponderada e comedida vão arrasar."
Impactos políticos e econômicos
Apesar da expectativa de crescimento econômico e aumento da arrecadação tributária, Pollicella permanece cética sobre a prioridade do tema para o governo atual. Ela destaca que lobby significativo será necessário para avançar no processo.
Enquanto os desafios se acumulam, o setor também enxerga oportunidades. Pollicella acredita que empresas com visão estratégica e capacidade de adaptação prosperarão: “Quando há vontade política, isso pode acontecer assim”, disse ela, ilustrando com um estalar de dedos a rapidez com que o cenário pode mudar.
A reclassificação, no entanto, exigiu consenso bipartidário e conseguiremos uma nova era de desafios e oportunidades para a indústria da cannabis nos Estados Unidos.