O Brasil retomou oficialmente seu status de National Adhering Organization (NAO) na International Union of Pure and Applied Chemistry (IUPAC), consolidando novamente sua presença nas principais discussões globais sobre química. A aprovação ocorreu na reunião do Conselho Executivo da entidade em 1º de outubro de 2025, e a representação brasileira passa a ser exercida pelo Conselho Federal de Química (CFQ).

O Sistema CFQ/CRQs reúne mais de 218 mil profissionais e cerca de 50 mil empresas registradas, formando uma das maiores estruturas regulatórias de química do mundo. Com o retorno à IUPAC, o Brasil volta a participar da definição de padrões internacionais de nomenclatura, educação, políticas científicas e inovação industrial.

A reaproximação com a IUPAC também reflete o papel histórico da comunidade científica brasileira, que já organizou, por exemplo, a Assembleia Geral e o Congresso Mundial de Química da entidade em 2017 — a primeira edição realizada na América do Sul.

A IUPAC destacou oficialmente a importância do retorno brasileiro. Em comunicado publicado no site da entidade, o presidente do CFQ, Prof. Dr. José de Ribamar Oliveira Filho, afirmou:

“O Conselho Federal de Química tem orgulho de representar o Brasil mais uma vez dentro da IUPAC, reforçando nosso compromisso compartilhado com o avanço das ciências químicas em todo o mundo. Essa renovação da filiação fortalece a posição do Brasil na comunidade científica global e abre novas possibilidades para iniciativas conjuntas que beneficiarão profissionais, pesquisadores e a sociedade como um todo.”

Além do impacto institucional, o retorno brasileiro abre novas possibilidades em áreas emergentes, como a química aplicada à cadeia produtiva da cannabis, um setor que se desenvolve rapidamente no país.

Desde 2023, o conselheiro do CFQ Ubiracir Lima participa do Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal ampliando a conexão entre a química e o mercado da cannabis medicinal. Segundo ele, "este ano, com a criação do Comitê de Apoio à Cadeia de Insumos Químicos (CAIQ/CFQ), coincidindo com a possibilidade próxima de termos cultivo da cannabis em solo brasileiro, poderemos apoiar ainda mais estudantes e profissionais a se capacitarem para atuar na cadeia da cannabis, e, como membro da IUPAC, teremos maior participação e alcance nas discussões internacionais’.”

A IUPAC também destacou a relevância brasileira para a ciência global:

“O retorno do Brasil à IUPAC reafirma as contribuições de longa data do país para a química em pesquisa, inovação e desenvolvimento industrial. Espera-se que a renovação da filiação beneficie cientistas, educadores e profissionais em todo o país, facilitando uma cooperação mais profunda com parceiros internacionais e apoiando o avanço da química na academia e na indústria”, finaliza Lima. 

A reintegração ocorre em um momento de fortalecimento regional, após a recente adesão de Peru e Guatemala, ampliando a presença latino-americana nas discussões estratégicas da entidade. Segundo o CFQ, o Brasil deverá contribuir com iniciativas envolvendo química verde, educação científica e inovação sustentável, alinhadas à agenda global de desenvolvimento responsável.

Em 2026, o país reforçará esse protagonismo ao sediar no Rio de Janeiro a Atlantic Basin Conference on Chemistry, que reunirá pesquisadores, formuladores de políticas e representantes da indústria sob o tema “Chemistry for Global Impact: Strategic Partnerships for Sustainable Innovation”.