Canabidiol reverte comprometimentos comportamentais induzidos por exposição ao ácido valproico em camundongos

Estudo revela que a administração aguda de canabidiol melhora déficits comportamentais em modelo animal de transtorno do espectro autista (TEA) induzido por ácido valproico

Publicada em 02/01/2025

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Imagem Ilustrativa: IA

O estudo examina os efeitos do canabidiol (CBD) no tratamento de comportamentos relacionados ao transtorno do espectro autista (TEA), utilizando um modelo animal em camundongos machos expostos ao ácido valproico (VPA) durante o desenvolvimento embrionário. O VPA é conhecido por ser um fator ambiental que pode induzir características comportamentais associadas ao TEA, como dificuldades de comunicação e comportamentos repetitivos. O objetivo do estudo foi avaliar se a administração aguda de CBD poderia reverter essas deficiências comportamentais.

Métodos e Resultados

 

Os camundongos expostos ao VPA (500 mg/kg aos 12 dias de gestação) foram tratados com doses de CBD (30 e 60 mg/kg). Os testes realizados incluíram:

 

  1. Teste de Inibição de Pré-Pulso (PPI): O VPA causou comprometimento no PPI, uma medida de sensibilidade a estímulos sensoriais, e o CBD reverteu esse efeito.

     

  2. Enterro de Mármore: O CBD (60 mg/kg) reduziu o número de bolinhas enterradas, um indicador de comportamento compulsivo.

     

  3. Interação Social: O CBD (60 mg/kg) melhorou o tempo de interação social entre os camundongos.

     

  4. Teste de Atividade: Não houve alteração significativa nos movimentos estereotipados no grupo tratado com CBD.

     

  5. Reconhecimento de Novos Objetos (NOR): O CBD foi eficaz em reverter os déficits de reconhecimento de novos objetos observados no grupo exposto ao VPA.

     

Esses resultados indicam que a administração aguda de CBD pode melhorar diversos aspectos comportamentais típicos do TEA em um modelo animal.

 

Discussão

 

O estudo sugere que o CBD possui um potencial terapêutico significativo para tratar os comportamentos associados ao TEA. Isso é consistente com pesquisas anteriores que indicam que o CBD tem efeitos ansiolíticos, anticonvulsivantes, antiagressivos e pró-cognitivos, que podem ser benéficos no contexto de transtornos neuropsiquiátricos, como o TEA. O modelo VPA é amplamente utilizado para estudar o TEA devido à sua capacidade de mimetizar comportamentos característicos dessa condição em humanos. A reversão dos déficits comportamentais pelos tratamentos com CBD poderia ser uma base para estudos futuros sobre o potencial terapêutico do CBD para o TEA em humanos.

O estudo também reforça o papel do sistema endocanabinoide na modulação dos comportamentos, sugerindo que o CBD, ao atuar sobre esse sistema, poderia ajudar a corrigir os desequilíbrios que caracterizam o TEA.

 

Conclusão

 

A administração de CBD mostrou resultados promissores na reversão de déficits comportamentais associados ao TEA em camundongos, oferecendo uma possível estratégia terapêutica para o tratamento do transtorno. No entanto, mais estudos são necessários para avaliar a segurança e eficácia do CBD em modelos clínicos humanos.