Cannabis no SUS paulista pode avançar ainda este ano, com inclusão de esclerose múltipla com espasticidade refratária

Deputado prevê apresentação do documento em dezembro, abrindo caminho para oferta do tratamento em 2026

Publicada em 08/12/2025

Cannabis no SUS paulista pode avançar ainda este ano, com inclusão de esclerose múltipla com espasticidade refratária

A medida, se consolidada, visa permitir a distribuição do medicamento na rede pública paulista a partir de 2026. Imagem: Canva Pro

A Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo deve apresentar, até o final de dezembro, o protocolo clínico necessário para incluir a cannabis medicinal entre os tratamento de esclerose múltipla com espasticidade refratária pelo Sistema Único de Saúde (SUS) do estado. A medida, se consolidada, visa permitir a distribuição do medicamento na rede pública paulista a partir de 2026.

Está é a expectativa do deputado estadual Caio França (PSB), autor da Lei Estadual 17.618/23, que instituiu a política de fornecimento de medicamentos à base de cannabis em São Paulo. A definição do prazo ocorreu durante reunião do Grupo de Trabalho (GT).

Segundo a assessoria do deputado, o documento em elaboração definirá os critérios de acesso dos pacientes e as diretrizes para a prescrição médica. Após a conclusão, a proposta será encaminhada para validação do secretário estadual da Saúde. Existe a previsão de uma última reunião do GT para consolidar a aprovação técnica.

 

Pressão técnica por cannabis no SUS e contexto regulatório

 

A aceleração do processo ocorre após uma audiência pública realizada pela Frente Parlamentar da Cannabis Medicinal e do Cânhamo Industrial da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). No encontro, médicos e pesquisadores cobraram a expansão das patologias atendidas para efetivar a cannabis no SUS.

Atualmente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já autoriza o registro do Mevatyl, indicado para espasticidade em esclerose múltipla. O medicamento está disponível em farmácias privadas, mas não integra a lista de distribuição gratuita, o que reforça a necessidade da cannabis no SUS.

Para o deputado Caio França, a inclusão da patologia responde a uma demanda baseada em evidências e na barreira financeira. “A audiência de agosto mostrou, com muita clareza, que a ciência e a prática clínica já apontam para a necessidade de ampliar o acesso à cannabis medicinal no SUS", afirma.

"A cobrança firme dos médicos e pesquisadores ao GT foi essencial para destravar esse processo. Estamos perto de garantir que pacientes com esclerose múltipla tenham um tratamento seguro, eficaz e baseado em evidências", completa o parlamentar.


Novos projetos e fomento à cannabis no SUS

 

Em paralelo às discussões sobre o protocolo clínico, a Frente Parlamentar segue com agenda técnica na Alesp. Nesta terça-feira (09), o grupo realiza um evento para anunciar os oito projetos vencedores do edital de pesquisa. A iniciativa destinará R$ 1,25 milhão para o financiamento de ações que podem embasar o futuro da cannabis no SUS.

O encontro visa fomentar a produção científica estadual sobre o tema e dar suporte a novas políticas públicas. O evento ocorre no hub CIVI-CO, em Pinheiros, e terá transmissão no Canal da Rede Alesp no YouTube.

O Portal Sechat entrou em contato com a Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo. Até o momento da publicação deste material, não houve resposta sobre o andamento do protocolo de cannabis no SUS.