CFM abre votação para a escolha de novos conselheiros em 26 estados e Distrito Federal

Votação online ocorre entre hoje e amanhã, das 8h as 20h

Publicada em 06/08/2024

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A cannabis, uma planta historicamente associada a controvérsias, tem ganhado cada vez mais espaço no campo da medicina, especialmente no que tange ao uso de seus compostos para fins terapêuticos. Paralelo a isso, nos dias 6 e 7 de agosto, médicos de todo o Brasil participarão da votação para escolher os novos conselheiros federais de medicina, um evento que será realizado pela internet nos 26 estados e no Distrito Federal, o que levanta a seguinte questão: Quais são as percepções da classe quanto aos usos medicinais da cannabis?

O dr. Francisco Cardoso, candidato ao conselho representando São Paulo, levanta questões sobre a falta de estudos robustos sobre o CBD. Numa crítica ao portal Folha em suas redes sociais, ele postou:  

 

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Publicação feita via X (Twitter) | Imagem: Reprodução

 

Por outro lado, o entendimento sobre os usos medicinais da cannabis tem evoluído nos últimos anos, com muitos profissionais reconhecendo seus potenciais benefícios, especialmente no tratamento de condições como epilepsia, dores crônicas, e algumas formas de câncer.

Guilherme Marques, um dos médicos que se posiciona a favor do uso medicinal da cannabis, destaca a importância de profissionais com amplo conhecimento sobre a pauta entrarem para o conselho:  

É fundamental que profissionais médicos pró-cannabis integrem o Conselho Federal de Medicina para garantir que decisões e diretrizes sejam baseados em evidências científicas. A atual gestão tem sido criticada por proteger médicos de má conduta e por abraçar ideologias contrárias à ciência, o que prejudica a evolução de tratamentos inovadores como os ativos canabinoides. Profissionais favoráveis à Endocanabinologia podem promover regulamentações mais justas e baseadas em pesquisas robustas, beneficiando pacientes que necessitam dessas terapias”, destaca Marques.

O médico lembra ainda, que para mais médicos pesquisarem sobre os benefícios da cannabis, é necessário um ambiente que vai além da valorização à ciência, mas que ofereça apoio institucional, desde associativismo médico como AMB, APM, APMC, até as autarquias regionais e federais.  

A falta de incentivo e o ambiente hostil criado por ideologias conservadoras e fanatismos no Conselho Federal de Medicina desmotivam a pesquisa e o apreço pela informação. Eleger representantes comprometidos com a ciência e a educação pode transformar essa dinâmica, incentiva mais estudos e a aceitação da classe”, conclui.

A votação dos conselheiros federais de medicina promete ser um marco importante para o futuro da regulamentação dos usos medicinais da cannabis no Brasil. Com a escolha dos novos conselheiros, espera-se que o debate sobre o tema seja aprofundado, levando em consideração as mais recentes evidências científicas e as necessidades dos pacientes. A expectativa é que, com uma maior abertura para a pesquisa e uso terapêutico da cannabis, mais profissionais de saúde possam se sentir confortáveis em prescrever esses tratamentos, proporcionando alívio e qualidade de vida a muitos pacientes.