EMS amplia participação na Hypera e reforça interesse em fusão no setor farmacêutico

Compra de 6,02% das ações da Hypera pela EMS destaca novas movimentações no mercado, com possível impacto no setor de cannabis medicinal

Publicada em 23/12/2024

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Imagem: Canva Pro

A EMS, uma das maiores farmacêuticas do Brasil, adquiriu 6,02% de participação na Hypera, líder no setor de medicamentos de venda livre, por meio de um fundo de investimentos.

A EMS já detinha menos de 5% das ações da Hypera e decidiu aumentar sua participação após uma desvalorização de 17% em 2024 e 11% nos últimos seis meses, segundo o InvestNews. A farmacêutica estava considerando que as ações da concorrência estavam subvalorizadas, aproveitando a queda para ampliar seus investimentos. Além do aspecto financeiro, essa compra reforça o interesse contínuo da EMS em uma possível fusão, mesmo após o Conselho de Administração da Hypera ter recusado uma oferta hostil em outubro.

 

Impacto no mercado de cannabis medicinal

 

Uma das marcas da Hypera Pharma, a Mantecorp, conta com três produtos à base de cannabis em seu portfólio. Como o segundo maior player do mercado de cannabis medicinal no Brasil, a Hypera detém 15,2% de participação e um faturamento de 31,73%, conforme os dados de setembro divulgados pela Close-Up International Brasil.

 

Proposta de aquisição

 

A EMS havia feito uma proposta inicial para adquirir 20% das ações da Hypera, avaliada em mais de R$ 25 bilhões. No entanto, João Alves de Queiroz Filho, controlador da Hypera, considera o valor abaixo do valor real da empresa. Segundo Queiroz Filho, as diferenças entre os portfólios de produtos e as culturas organizacionais das duas companhias tornariam a fusão inviável, conforme informado pelo Panorama Farmacêutico.

Apesar das resistências, Carlos Sanchez, controlador da EMS, não desistiu. Ele continua em negociações discretas com Queiroz Filho, buscando uma reaproximação. Sanchez admitiu que alguns termos da oferta anterior podem ter sido mal calculados, mas destacou o potencial de geração de valor da fusão. A operação poderia criar uma empresa com faturamento anual de R$ 15,9 bilhões e lucro operacional estimado em R$ 5 bilhões.

Entretanto, Queiroz Filho ainda resiste à fusão, especialmente depois de ter aumentado sua participação na Hypera para mais de 50%, garantindo maior controle sobre a companhia. De acordo com analistas, as negociações podem se estender, mas a recente aquisição de 6,02% das ações pela EMS sugere que Sanchez ainda aposta em um acordo possível para 2025.