Encontro entre culturas, espiritualidade e resistência indígena acontece no dia 1º em Arujá (SP)

Com shows de Maria Gadú, Rasu Yawanawá e apresentações culturais de 15 povos indígenas, o Fiup 2025 promove o fortalecimento dos saberes ancestrais e o diálogo intercultural pelo futuro da Terra

Publicada em 24/04/2025

Encontro entre culturas, espiritualidade e resistência indígena acontece no dia 1º em Arujá

Do canto ancestral ao manifesto pela Terra (Divulgação: FIUP 2024)

Se a terra fala, ela fala pelas vozes dos povos que a habitam desde sempre. É com essa escuta atenta e coração aberto que o público é convidado a viver quatro dias de imersão no 3º Festival Indígena União dos Povos (Fiup), que será realizado entre os dias 1º e 4 de maio, na Fazenda Arujabel, em Arujá (SP).


Muito mais do que um festival, o Fiup é um encontro de mundos que se entrelaçam: é território de cura, de política, de arte, de espiritualidade e, sobretudo, de resistência. Nesta edição, mais de 15 povos indígenas de diferentes biomas brasileiros vão partilhar com o público não-indígena não apenas seus cantos e cores, mas suas lutas, saberes e sonhos. 

 

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Raízes vivas, caminhos possíveis (Foto: Divulgação FIUP 2024)


Um dos momentos mais esperados será o show da cantora Maria Gadú, no domingo (4), celebrando a diversidade cultural originária em um palco que também será espaço para o discurso do Cacique Raoni e para a leitura do manifesto União dos Povos por Txai Suruí, um chamado urgente à COP30 e ao mundo.


Entre as presenças confirmadas estão Joenia Wapichana, primeira deputada federal indígena e atual presidente da Funai, Célia Xakriabá, deputada estadual por Minas Gerais, a artista plástica Daiara Tukano, o líder espiritual Ninawa Pai da Mata Huni Kuin e o jovem ativista Tashka Yawanawá. Cada uma dessas vozes traz consigo a potência de seus povos, seus territórios e de um saber ancestral que resiste há mais de 500 anos.


O tempo da floresta


A programação começa na quinta-feira (1) com acolhimento, cantos e a abertura oficial com poesia e apresentações culturais Guarani Mbya e Tupi Guarani. Ao longo dos dias, as rodas de conversa mergulham em temas como o protagonismo das mulheres indígenas, o avanço das medicinas da floresta, a emergência climática e os desafios do uso da ayahuasca em contextos urbanos. “Queremos que o público vá embora com mais perguntas do que respostas, com mais sensações do que selfies. O Fiup é um território de escuta, de presença, de verdade”, afirma um dos organizadores do festival.

 

 

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O Fiup é um território de escuta, de presença, de verdade (Foto: Divulgação FIUP 2024)


As noites são marcadas por rodas de cantorias ao redor da fogueira e, no sábado (3), por uma cerimônia com as medicinas da floresta, conduzida por lideranças espirituais dos povos Huni Kuin, Yawanawá, Fulni-ô e Kariri-Xocó. 


Antes disso, o público poderá assistir a documentários como Chamado do Cacique, que revela a trajetória de Raoni Metuktire, e Comida Ancestral, que retrata a segurança alimentar de 17 etnias.


Ancestralidade é tecnologia


Além das vivências espirituais e culturais, o Fiup promove a valorização da economia sustentável dos povos nativos. No domingo (4), lideranças como Mayawari Mehinako (Instituto Xepi), Wagner Carvalho (W-Energy) e Pedro Paulo Diniz (Toca Orgânicos) participam de uma roda conversa sobre empreendedorismo social e práticas de negócios que respeitam a floresta em pé.


 

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Crianças participam do encontro também (Foto: Divulgação FIUP 2024)

“A tecnologia mais sofisticada que temos hoje é o saber ancestral. É ele que nos ensina como viver em equilíbrio com a terra”, diz a artista Daiara Tukano, que participa da roda sobre apropriação cultural.


Mais que um festival, um reencontro com o essencial


O Fiup surgiu em 2021 como uma resposta aos tempos de distanciamento e destruição. Desde então, tornou-se um dos principais eventos indígenas do país, reunindo em suas edições anteriores nomes como Sônia Guajajara, Daniel Munduruku, Eric Terena e Dario Kopenawa Yanomami.


Em tempos em que os povos originários enfrentam ameaças constantes, o Fiup é um ato de presença e de esperança. É um lembrete de que o futuro, para ser possível, precisa estar de mãos dadas com o passado.


3º Festival Indígena União dos Povos (Fiup)
Quando: De 1º a 4 de maio de 2025
Onde: Fazenda Arujabel – Arujá, SP
Ingressos: R$350 (day use) a R$1.700 (pacote 4 dias)
Mais informações pelo site do Fiup.

Com informações da Assessoria.