Lula acredita que a ciência deve decidir sobre o uso da maconha

Presidente também comentou que sua neta utiliza a cannabis medicinal e pediu um consenso mundial entre a área da saúde

Publicada em 26/06/2024

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Lula fala sobre maconha, ciência e embate entre STF e Congresso durante entrevista (imagem: Ricardo Stuckert/ Agencia Brasil)

O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva se pronunciou, nesta quarta-feira (26), e afirmou que o uso da cannabis não é pauta para o código penal, mas sim para a pasta da saúde pública. Segundo Lula, a ciência é quem deve estar à frente das decisões.

“Eu fui jantar uma vez com o Barroso [Ministro Luís Roberto Barroso] e falei: Por que você não convoca uma reunião com psiquiatras, médicos, profissionais da área da saúde para discutir esse assunto”, comentou, em entrevista ao Portal Uol.

Após afirmar que sua neta trata um quadro de convulsão com maconha medicinal, Lula ressaltou o valor terapêutico da planta. “ O mundo inteiro está utilizando derivados da maconha para fazer remédio. Tem gente que toma para dormir, gente que toma para combater Parkinson, gente que toma para combater Alzheimer, ou seja, tem gente que toma para tudo”.  

“Se a ciência já está provando em vários lugares do mundo que é possível, por que fica essa discussão contra ou a favor? Por que não encontramos algo saudável, referendado pelos médicos que entendem disso?", questionou o presidente.

Conforme Lula, é necessário um consenso mundial quanto ao uso medicinal da planta, comandado por uma instituição “nobre”, como a Organização Mundial da Saúde, “Eles falam: é isso e a gente obedece”.

Perguntado sobre a decisão de descriminalizar o porte de maconha para uso pessoal confirmada ontem pelo STF (Supremo Tribunal Federal), o presidente afirmou ser nobre a existência da diferenciação entre usuário e traficante, mas ressaltou que o STF não precisa “se meter em tudo”.

“Se um ministro da Suprema Corte pedisse um conselho para mim, ‘presidente, o que eu faço?’ eu falava: recusa essa proposta”., brinca Lula

O presidente ressaltou sua confiança no Projeto de Lei 11.343/2006, a Lei de Drogas, que teve o ministro Paulo Pimenta como relator e “proíbe desde 2006 o usuário de ser preso”, conforme o presidente. Por fim, Lula firmou que a rivalidade entre o STF e o Congresso Nacional não é boa nem para ambos, nem para a democracia.