“Me deparei com uma riqueza de possibilidades na ciência brasileira”, revela a produtora do Globo Rural no Deusa Cast
No Deusa Cast #46, a produtora Luiza Silveira fala sobre os bastidores da reportagem do Globo Rural sobre cannabis, o preconceito que ainda impede o avanço do setor e a importância de pautar o tema pela ciência
Publicada em 15/10/2025

“Eu me deparei com uma riqueza de possibilidades que a ciência tem hoje no Brasil”, diz produtora da Globo no Deusa Cast | Foto: Sechat
O episódio #46 do Deusa Cast “Brasil trava o futuro da cannabis?”, reuniu nomes de peso do setor para discutir os desafios e as oportunidades que o país ainda desperdiça ao não avançar na regulamentação da planta. Entre os convidados, Marcelo Grecco, Jaime Ozi, a jornalista, psicóloga e produtora de TV Luiza Silveira, responsável pela última reportagem do Globo Rural sobre cannabis, compartilhou os bastidores de uma produção que marcou um divisor de águas na forma como o tema é tratado na televisão brasileira.
Durante a conversa, Luiza falou sobre o impacto que o especial teve não só entre o público do programa, mas também dentro do próprio setor da cannabis, que viu na reportagem um sinal de avanço na desmistificação da planta.
A produtora ressaltou que a principal preocupação da equipe foi trabalhar o tema de maneira científica, apartidária e informativa, alcançando um público que tradicionalmente está distante dessas discussões.
Um ano de produção e uma direção comprometida
Segundo Luiza, o processo de produção levou um ano inteiro, desde a definição da pauta até as gravações nas diferentes regiões do país. A equipe acompanhou o ciclo de plantio e colheita, visitou associações, universidades e conheceu de perto os desafios de quem tenta desenvolver pesquisa ou trabalhar com cannabis no Brasil. “Quando comecei a ouvir os pesquisadores e produtores, percebi uma riqueza enorme de possibilidades. A ciência brasileira tem projetos incríveis, mas ainda precisa de apoio jurídico e institucional para avançar”, contou.
A reportagem, que contou com uma equipe majoritariamente feminina, foi conduzida de forma sensível e comprometida. “A direção do programa foi fundamental. A gente trabalhou juntas, pensando em como levar o tema de forma clara, sem estigma e com foco na informação”, destacou Luiza, referindo-se à colaboração entre as diretoras Camila Marconato, Cristina Vieira e Helen Santos.
O preconceito ainda é o maior entrave
Para ela, o maior entrave ainda é o preconceito, que impede o país de enxergar o potencial econômico e social da planta. “A gente não pode falar disso sem falar de preconceito. Só reduzindo o preconceito é que o produtor vai conseguir enxergar as possibilidades que tem no campo, e são muitas, inclusive financeiras”, disse.
A produtora lembrou ainda que há pesquisas promissoras em andamento no país, como estudos que analisam o uso do cânhamo na avicultura e suinocultura, com resultados que apontam melhorias no bem-estar animal e na produtividade.
Um divisor de águas para o setor
Luiza celebrou a repercussão positiva da reportagem, tanto entre o público rural quanto entre profissionais e ativistas do setor da cannabis. “Fiquei muito feliz com o resultado. A matéria foi muito bem recebida e trouxe o assunto para um outro nível de compreensão”, afirmou.
O episódio do Deusa Cast reforçou que, embora o Brasil tenha potencial científico e econômico para ser uma referência global no mercado canábico, ainda esbarra em barreiras culturais e ideológicas que atrasam o desenvolvimento do setor. Para Luiza Silveira, informar é o primeiro passo para romper esses bloqueios. “A desinformação e o medo social mantêm as coisas num estado de letargia. A gente não avança. E isso é muito complicado quando se fala de um tema que envolve ciência, saúde e oportunidade”, concluiu.
Com o especial exibido no Globo Rural e o debate promovido pelo Deusa Cast, a pauta da cannabis ganha cada vez mais espaço na mídia tradicional, ampliando o diálogo e ajudando o público a enxergar a planta para além do estigma.
Confira o corte do episódio abaixo: