Ministro Carlos Fávaro pode definir posição do governo federal sobre cânhamo industrial
Ministério da Agricultura está finalizando uma nota técnica relacionada ao projeto de lei que tramita no Senado
Publicada em 22/11/2024
Ministro Carlos Fávaro MAPA | Foto: Carlos Silva/MAPA
O Marco Legal da Cannabis segue avançando com novos desdobramentos. O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) está finalizando uma nota técnica relacionada ao Projeto de Lei 5511/2023, que propõe normativas para o cultivo e a exploração da cannabis medicinal e do cânhamo industrial.
Além disso, na última terça-feira (19), foi publicado o acórdão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que determinou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e à União um prazo de seis meses para editar uma regulamentos sobre o tema.
Posicionamento favorável e avanços no MAPA
A nota técnica do MAPA reflete um posicionamento favorável ao cânhamo industrial, com contribuições de áreas do ministério e de instituições como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que mantém um grupo de estudo dedicado à planta. O cânhamo, uma variedade de Cannabis sativa com teor de tetrahidrocanabinol (THC) inferior a 0,3%, não apresenta efeitos psicoativos e é amplamente utilizado em diversos setores industriais fora do Brasil.
Ana Paula Porfírio, chefe da Assessoria de Participação Social e Diversidade do MAPA, confirma que a nota técnica está consolidada e aguarda a aprovação final do ministro Carlos Fávaro. “O documento aborda apenas aspectos relacionados às competências do ministério", explica Porfírio.
O projeto de lei, de autoria da senadora Mara Gabrilli, está há mais de um ano parado na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, aguardando a designação de um relator pelo senador Alan Rick. "Mesmo assim, adiantamos nossa parte”, diz Ana Paula.
A senadora acredita que o posicionamento favorável do MAPA fortalece o diálogo com o Congresso e contribui para a tramitação do Projeto de Lei. “O tema ganha mais visibilidade e credibilidade com o aceno positivo do Ministério e os dados técnicos da Embrapa”, afirma Gabrilli.
A ausência de uma regulamentação específica é apontada por Porfírio como a principal entrada para o avanço do cânhamo no Brasil. "Sem uma regulamentação clara, os produtos derivados da planta permanecem classificados como “proibidos”, o que limita sua prioridade para pesquisas no setor público", destaca.
“Hoje, pela legislação, todas as subespécies de cannabis estão no mesmo patamar. É preciso definir, esclarecer e separar. Essa é a função do MAPA, atuar como responsável pelas culturas do país e ajudar a sociedade nessa demanda que já não é recente”, disse Ana Paula durante entrevista exclusiva para o Portal Sechat, realizada em setembro.
O MAPA estuda diferentes aplicações do cânhamo, como a produção de medicamentos, ração animal e produtos para a indústria têxtil. “Nossa prioridade inicial seria a produção de fibras para tecidos. A demanda internacional por esse tipo de material é muito grande”, afirma Porfírio.