O diferencial do tratamento canábico: Uma alternativa inovadora e eficaz na medicina

“Existe a Simone antes e depois da planta. Ela salvou minha vida”, diz paciente

Publicada em 11/10/2024

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Imagem: vecteezy

Paciente canábica há cerca de quatro anos, a médica veterinária Simone Falat descobriu na cannabis uma possibilidade que, antes, parecia impossível: viver sem dor. “Existe a Simone antes e depois da planta. Ela salvou minha vida”, diz a moradora de Curitiba, Paraná.

Diagnosticada aos 15 anos com enxaqueca crônica, Simone conviveu com crises constantes de dor e internações por mais de duas décadas. Além disso, utilizou vários medicamentos convencionais sem obter o resultado esperado.

 

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Médica veterinária, Simone Falat. Imagem: Arquivo Pessoal 

 

Segundo o médico José Roberto Lazzarini, a dor crônica é uma das condições mais amplamente presentes entre os pacientes. Aproximadamente 40% dos brasileiros com mais de 50 anos convivem com essa condição diariamente, de acordo com o Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos (ELSI-Brasil). Desses, 30% utilizam opioides para alívio.

 

“Quanto mais eu usava, mais dependente eu ficava do medicamento.”

 

Após desenvolver cervicalgia e neuralgia do trigêmeo (NT), condições que causam dores intensas no pescoço e na face, Simone chegou a tomar sete medicamentos controlados. “Cada vez que eu ia ao médico, um novo medicamento era adicionado. Quanto mais eu usava, mais dependente eu ficava”, relata.

Lazzarini, diretor médico da Volcanic, explica que os medicamentos convencionais são frequentemente recomendados no início do tratamento da dor crônica devido à sua rápida ação, proporcionando alívio imediato. A elevada quantidade de estudos e testes, permite que diferentes tipos de medicamento, como analgésicos, opioides, antidepressivos, sejam aliados no tratamento.

No entanto, o uso prolongado traz riscos elevados, como dependência física e psicológica, e até overdose. Com o uso desses medicamentos, Simone desenvolveu estresse, prisão de ventre, ansiedade, depressão, perda de memória e dificuldade de concentração.

A crise dos opioides nos Estados Unidos, considerada uma das maiores crises de saúde pública do país, resultou em mais de 51 mil mortes por overdose em 2022, segundo o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças). Dessas mortes, 81,8% envolveram pelo menos um opioide, e cerca de 15% foram relacionados a opioides prescritos.

 

Cannabis: segurança e eficácia

 

Diferente dos opioides, a cannabis não causa overdose ou morte, como relatado pelo próprio CDC e outras instituições. “O ser humano não possui receptores CB1 e CB2 no tronco cerebral, onde se localizam os centros que controlam a respiração e os batimentos cardíacos, por isso não há casos de falência por overdose de cannabis”, explica Lazzarini.

Além de sua segurança, a cannabis tem mostrado eficácia em condições específicas, como esclerose múltipla, fibromialgia e dor neuropática, atuando no combate da espasticidade, inflamações e dores.

“Quando tratamos uma patologia, devemos considerar o paciente como um todo, prezando por atividade física, fisioterapia e melhora do sono, humor e estresse. A cannabis tem como diferencial melhorar a qualidade de vida como um todo”, diz o médico.

 

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Diretor médico da Volcanic, José Roberto Lazzarini. Imagem: Arquivo pessoal 

 

Seis meses após iniciar o tratamento com cannabis, Simone conseguiu desmamar todos os medicamentos convencionais, utilizando apenas a cannabis e, em raras crises, um medicamento de resgate. Ela também não apresentou mais os efeitos colaterais e, com a melhora em sua saúde mental e qualidade de vida, perdeu 10 quilos.

 

O diferencial do Sistema Endocanabinoide

 

Descoberto em 1992, o Sistema Endocanabinoide (SIC) revelou uma conexão entre o corpo humano e os compostos da cannabis. Com três componentes principais — endocanabinoides, receptores CB1 e CB2, e enzimas — o SIC regula funções como dor, apetite, inflamação, controle muscular, homeostase, qualidade do sono, humor e memória.

O SIC também possui um mecanismo de ação peculiar chamado sinalização retrógrada, onde a comunicação entre as células nervosas ocorre de forma reversa, do neurônio pós-sináptico para o neurônio pré-sináptico.  Os endocanabinoides se ligam com os receptores CB1 e CB2 no neurônio pré-sináptico, desenvolvendo uma cascata bioquímica de liberação de neurotransmissores, que podem ser tanto excitatórios quanto inibitórios”, explica Lazzarini.

 

Movimento da sociedade civil

 

Há cerca de 10 anos, mães de pacientes lideraram a luta pelo acesso à cannabis medicinal no Brasil. Um dos casos mais marcantes foi o de Katiele Fischer, que lutou para importar canabidiol (CBD), um dos componentes da cannabis, capaz de tratar as convulsões de sua filha Anny, diagnosticada com Síndrome de Dravet.

“Não tínhamos apoio médico no início, apenas as mães estavam nessa luta”, relembra Daiane Zappe, mãe de Benício, que encontrou na cannabis uma solução para a qualidade de vida do filho. Segundo ela, a dificuldade era tanta, que, mesmo dentro dos órgãos reguladores, não existia um consenso quanto à cannabis. “Em Brasília, a Anvisa permitia a importação de alguns produtos, já em São Paulo, a agência não possibilita o consumo dos medicamentos”.

Histórias de mães pioneiras na luta pela cannabis, normativas da Anvisa e números do mercado canábico, são algumas das informações presentes na série especial de reportagens e no 4º Guia Sechat da Cannabis, ambos desenvolvidos pela plataforma Sechat.

Lançado anualmmente, para fornecer um panorama geral da cannabis no Brasil e no mundo, o guia serve como base de conhecimento para profissionais da saúde e pacientes. Também, contém uma espécie de bê-á-bá para que todos os públicos possam compreender o potencial terapêutico da   Cannabis sativa L. — nome científico da planta, que possui mais de 480 compostos distintos distribuídos em 18 classes químicas diferentes, incluindo 70 fitocanabinoides.

O 4º Guia Sechat da Cannabis, será lançado para o público em geral no dia 07 de novembro. 

 

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