O uso seguro dos canabinoides na pediatria é tema do episódio 45 do Deusa Cast

Especialista em Medicina Endocanabinoide, a pediatra Lays Mello explica mitos, riscos e benefícios do uso de canabinoides em crianças e adolescentes, com foco em segurança e evidências científicas.

Publicada em 24/09/2025

O uso seguro dos canabinoides na pediatria é tema do episódio 45 do Deusa Cast

Médica Lays Mello durante gração do Deusa Cast | Imagem: Sechat

 

O Deusa Cast lançou seu episódio 45 com um tema de grande relevância para famílias e profissionais da saúde: o uso seguro dos canabinoides na pediatria. O objetivo do novo episódio é desmistificar o que muita gente chama de "maconha medicinal". A convidada foi a médica Lays Mello, pediatra que estuda Medicina Endocanabinoide com foco em autismo, TDAH e epilepsia refratária, e que atualmente atua no ambulatório de Medicina Endocanabinoide da Faculdade de Medicina de Jundiaí, em atendimentos via SUS.

Durante a entrevista, a médica destacou os principais mitos enfrentados no atendimento às famílias. “Toda vez que vamos falar de medicina endocanabinoide, as principais dúvidas são: ele vai ficar chapado, vai ficar viciado, como serão os efeitos psicoativos”, afirma Lays.

Ela explica que o córtex pré-frontal, região do cérebro responsável pela tomada de decisão, pensamento cognitivo e controle da impulsividade, ainda está em formação até os 25 anos, por isso o uso do THC deve ser feito com cautela. “O THC já tem comprovação de que, em uso moderado a grave, principalmente de forma inalada, prejudica a formação do córtex pré-frontal que ainda está em desenvolvimento até os 25 anos”, esclarece a médica.

Ao abordar como usar a cannabis de forma segura, Lays Mello explica que a estratégia inicial é sempre priorizar formulações sem THC. “Normalmente a gente inicia o tratamento com formulações sem THC e avaliamos se é necessário entrar com o THC”, aponta.

Nos casos em que há indicação, o uso deve ser cuidadosamente calculado. “Quando o protocolo entende a necessidade do uso de THC, o recomendado é usar uma dose segura, com até 0,3% de THC. Isso para evitar alterações no sistema nervoso central”, afirma.

Ela ressalta, no entanto, que existem situações específicas em que o risco-benefício deve ser considerado. “Existem crianças que precisam de um relaxamento maior que o THC traz. Não a parte psicoativa, mas o efeito de analgesia e relaxamento”, diz.

Segundo a médica, esse recurso pode proporcionar ganhos importantes para pacientes com condições severas. “Os benefícios ajudam crianças a terem uma visão de mundo diferente. Muitas vezes elas estão sempre muito sozinhas, com pensamentos fixos, muito envolvidas apenas na própria rotina. Existem casos na literatura em que há ganho de autoconhecimento, muito bom para crianças acamadas, que não têm entendimento de mundo nem de quem são por conta de neuropatias graves. Nesses casos, a gente vê a necessidade de entrar com o THC”, conclui.

O episódio completo já está disponível nas plataformas de streaming e no canal oficial do Deusa Cast: