Ozzy Osbourne, Parkinson e o avanço da cannabis medicinal no cuidado aos pacientes

Ícone do heavy metal, Ozzy Osbourne enfrentou o Parkinson nos últimos anos. Nesta homenagem, refletimos sobre seu legado e o papel crescente da cannabis medicinal como alternativa no tratamento da doença

Publicada em 29/07/2025

Ozzy Osbourne, Parkinson e o avanço da cannabis medicinal no cuidado aos pacientes

O adeus a Ozzy Osbourne e a esperança da cannabis no tratamento do Parkinson | Foto: Divulgação

No dia 22 de julho de 2025, silenciou-se uma das vozes mais inconfundíveis e selvagens do rock mundial. Ozzy Osbourne, o eterno vocalista do Black Sabbath, faleceu aos 76 anos. Conhecido como Príncipe das Trevas e considerado por muitos o pai do heavy metal, Ozzy personificou uma era em que música, excessos e rebeldia caminhavam lado a lado, mas também foi, nos últimos anos, um símbolo de vulnerabilidade, coragem e reinvenção.


Ao longo das décadas, sua vida foi um turbilhão de palcos, caravanas e substâncias. Ozzy não escondeu suas batalhas com as drogas e o álcool, vivendo intensamente os extremos que o universo do rock muitas vezes impõe. Mas foi também esse mesmo homem, de olhos profundamente marcados pelo tempo e pelos palcos, que nos últimos anos buscou em terapias alternativas, como o uso de células-tronco, uma forma de lidar com os limites do próprio corpo.


O peso do Parkinson e a busca por esperança


Em 2019, Ozzy revelou ao mundo que havia sido diagnosticado com Doença de Parkinson, uma condição neurodegenerativa progressiva que afeta principalmente o controle motor. Tremores, rigidez muscular, lentidão nos movimentos e desequilíbrio passam a fazer parte da rotina do paciente, impactando a autonomia e a qualidade de vida. Os tratamentos tradicionais com medicamentos dopaminérgicos, apesar de amplamente utilizados, muitas vezes vêm acompanhados de efeitos colaterais difíceis de suportar.


Em uma entrevista comovente, Ozzy chegou a dizer que estava “com muita dor” e que alguns dias eram simplesmente insuportáveis. Foi nesse cenário que ele passou a buscar abordagens complementares.


Cannabis medicinal e Parkinson: quando a planta encontra o ritmo do corpo
O uso da cannabis medicinal como coadjuvante no tratamento de Parkinson tem ganhado espaço entre médicos e pacientes, principalmente por seu potencial em aliviar sintomas como:


* Espasmos musculares e tremores


* Dor crônica e rigidez


* Distúrbios do sono


* Ansiedade e depressão


* Náuseas associadas à medicação tradicional


Estudos indicam que os canabinoides, especialmente o CBD (canabidiol), têm propriedades neuroprotetoras e anti-inflamatórias. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já reconheceu os benefícios do CBD em diversas condições neurológicas, e segundo um relatório de 2022, cerca de 40% dos pacientes com Parkinson nos EUA consideram a cannabis como parte do tratamento complementar.


No Brasil, o deputado estadual Eduardo Suplicy também tem sido um defensor do uso medicinal da planta. Além de tratar um câncer com óleo de cannabis, ele revelou que utiliza o composto para lidar com os sintomas do Parkinson que também enfrenta.


Entre sobriedade, relapsos e escolha pela erva


Nos últimos anos, Ozzy estava sóbrio das drogas que o acompanharam por décadas. Contudo, como ele mesmo relatou, fazia uso esporádico de cannabis, mesmo com a reprovação de sua esposa, Sharon Osbourne. 

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Em 2020, em homenagem ao DIa da Maconha, em 20 de abril, Ozzy publicou em suas redes sociais fotos com flores da cannabis | Reprodução IG

Para ele, a erva aliviava dores profundas e silenciosas, muitas vezes mais eficazmente que os coquetéis de remédios prescritos.


“Ozzy não queria viver dopado de medicamentos que lhe tiravam a clareza”, relembra um trecho publicado pelo portal Cannalize. “Ele buscava algo que o deixasse consciente, mesmo com as dores".


A despedida de um ídolo e o aceno à cura que pode florescer


A morte de Ozzy Osbourne não é só a despedida de uma lenda do heavy metal,  é também um lembrete do quanto ainda precisamos caminhar para garantir o acesso digno a tratamentos alternativos que devolvam não só a saúde, mas a autonomia e a humanidade aos pacientes.


A cannabis medicinal, ainda cercada de estigma, tem sido esse caminho para muitos,  inclusive para aqueles que, como Ozzy, viveram no limite da luz e da escuridão. Seu legado segue vibrando em cada acorde distorcido que ecoa mundo afora. E talvez, no silêncio que agora o envolve, reste a esperança de que as plantas também possam gritar, curar e libertar.
 

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