Por que a semente de cânhamo conquista espaço na nutrição

A semente de cânhamo ganha espaço como superalimento rico em proteínas, fibras e gorduras boas, sem efeitos psicoativos

Publicada em 04/12/2025

Por que a semente de cânhamo conquista espaço na nutrição

Entenda seus benefícios, evidências científicas e por que ainda enfrenta estigmas | CanvaPro

Há alimentos que passam quase despercebidos, mas carregam uma potência capaz de transformar rotinas, e a semente de cânhamo é um deles. Derivada da Cannabis sativa, reúne proteínas completas, fibras, vitamina E, magnésio, fósforo, potássio, ferro, zinco e vitaminas do complexo B. 

Também oferece ácidos graxos insaturados, como ômega-3 e ômega-6, sem qualquer efeito psicoativo, já que não contém níveis relevantes de THC.


Entre os benefícios associados estão a oferta de proteínas de alta qualidade, boa quantidade de fibras, variedade de micronutrientes e o equilíbrio entre gorduras essenciais. Estudos investigam ainda possíveis ações nas áreas de neuroproteção, saúde cardiovascular, inflamação, pele e digestão.

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Mariana é nutricionista na Clínica Funcional e Endocanabinoide em Pirenópolis/GO | Foto: Divulgação

A nutricionista Mariana Borges, especialista em endocanabinoides, explica que a maior dúvida dos pacientes nasce da confusão entre alimento e psicoatividade. “A semente de cânhamo não possui efeito psicoativo, pois é extraída de uma variedade cultivada para fins industriais e alimentares, com teores extremamente baixos de THC”, afirma. Ela reforça que essa quantidade “é insuficiente para causar qualquer alteração no sistema nervoso”, ponto essencial para reduzir o estigma.


Segundo Mariana, quando o público entende que não há risco de dependência e reconhece o cânhamo como “um superalimento rico em proteínas, gorduras boas, fibras e minerais essenciais, e não uma forma recreativa da planta”, o preconceito diminui. Para ela, ainda há confusão sobre o que realmente causa psicoatividade na cannabis. “Muitos acreditam que toda a planta tem esse efeito, o que não é verdade. Os benefícios nutricionais da semente não vêm de canabinoides”, explica.


Estudos e possíveis efeitos


Pesquisas citadas apontam potenciais ações neuroprotetoras ligadas aos compostos antioxidantes da semente, com investigações envolvendo Alzheimer, Parkinson, esclerose múltipla, dor neuropática e convulsões.


O Medical News Today destaca possíveis benefícios cardiovasculares associados ao equilíbrio entre ômega-3 e ômega-6 e à presença de arginina, aminoácido relacionado à dilatação dos vasos sanguíneos. Há também estudos sobre efeitos anti-inflamatórios e impactos positivos na pele e na digestão.


Perfil nutricional


Mariana ressalta que a semente “oferece a proteína vegetal mais completa disponível, contendo todos os aminoácidos essenciais, além de ser altamente digestível”. Ela destaca ainda a presença de arginina, importante para a saúde cardiovascular, e de GLA, ligado ao equilíbrio imunológico e ao alívio de sintomas como a TPM.


Para a especialista, divulgar esse perfil - proteína de qualidade, gorduras boas, fibras e minerais - e ensinar usos simples no dia a dia ajuda a posicionar o cânhamo como um superalimento. “Separar esses conceitos permite uma comunicação mais clara e baseada em evidências, facilitando a aceitação do alimento como funcional e totalmente livre de psicoatividade”, conclui.