O mercado global de bem-estar superou os impactos da pandemia e atingiu um novo patamar histórico. Impulsionado por uma busca crescente por saúde, o setor dobrou de tamanho desde 2013 e chegou a US$ 6,8 trilhões, segundo o Global Wellness Institute (GWI).

Dentro desse cenário de expansão robusta, um dado se destaca no recorte norte-americano. No mercado de bem-estar mental dos EUA, avaliado em US$ 125 bilhões, os produtos à base de cannabis registraram o maior crescimento anual.

O segmento teve uma alta expressiva de 26% nos últimos cinco anos. Diferente da saúde tradicional, focada no tratamento de doenças, o bem-estar é uma busca ativa por estilos de vida holísticos.

Trata-se de uma indústria multissetorial que abrange desde a alimentação saudável até a medicina preventiva. Hoje, esse mercado supera valores de gigantes como TI e turismo, representando cerca de 60% dos gastos globais com saúde.

Produtos à base de cannabis e o foco na saúde mental

O relatório do GWI aponta que o segmento de bem-estar mental foi um dos motores dessa retomada, com expansão anual de 12,4%. Enquanto a China aparece em segundo lugar no ranking, os Estados Unidos lideram com folga graças à diversificação de terapias.

Além dos produtos à base de cannabis, que lideraram o crescimento, outras categorias apresentaram forte alta. Meditação, mindfulness e tecnologias para o sono também se destacaram entre as preferências dos consumidores.

Essa tendência reflete uma mudança comportamental profunda, especialmente entre as gerações mais novas. Um estudo recente aponta uma clara divisão geracional no uso de canabinoides.

Enquanto os idosos priorizam o bem-estar físico, as Gerações Y e Z recorrem ao CBD para gerenciar ansiedade e estresse. "Os jovens não estão esperando por doenças físicas; estão buscando ativamente soluções para o bem-estar mental", destaca Andy Papilion, da CBDistillery.

Equilíbrio no uso de produtos à base de cannabis

Apesar do crescimento acelerado, especialistas alertam que o uso de cannabis no contexto do bem-estar exige responsabilidade. É fundamental que o consumo seja acompanhado, evitando a busca por "soluções mágicas".

"O CBD não substitui a terapia, ele prepara o terreno para que a mudança aconteça", explica a psicóloga Maria Klien, em entrevista ao Portal Sechat. Segundo a especialista, a substância atua reorganizando o sistema nervoso.

Isso permite que o paciente tenha condições de trabalhar suas questões emocionais. "Quando a pessoa está quimicamente organizada, ela consegue olhar para a própria vida com mais clareza, construir resiliência e expandir suas seguranças internas", completa Klien.

O objetivo não é anestesiar desconfortos, mas oferecer recursos para enfrentá-los. A integração dos produtos à base de cannabis com acompanhamento profissional potencializa os resultados terapêuticos.

Perspectivas futuras para o setor

O otimismo em relação ao setor é sustentado por tendências demográficas irreversíveis, como o envelhecimento da população. O GWI projeta que a economia do bem-estar continuará crescendo 7,6% ao ano, atingindo US$ 10 trilhões até 2029.

Segmentos como o imobiliário voltado para o bem-estar e a medicina complementar são fortes candidatos a liderar a expansão. O único ponto de atenção foi a retração de 1,5% no mercado de bem-estar no local de trabalho.