Professor da Unesp em Botucatu lidera pesquisa sobre cannabis medicinal para animais

Pesquisador da Unesp amplia fronteiras: Rogério Amorim lidera estudos com cannabis e disfunção cognitiva em cães

Publicada em 28/11/2025

Pesquisador da Unesp amplia fronteiras: Rogério Amorim lidera estudos com cannabis e disfunção cognitiva em cães

Pesquisador da Unesp avança em projetos de cannabis no NUDEcan e no tratamento da demência canina | CanvaPro

Botucatu, interior paulista, costuma ser lembrada pelo silêncio das árvores e pelo ritmo universitário que pulsa ao redor da Unesp - Universidade Estadual Paulista. É ali que o médico-veterinário Rogério Martins Amorim, docente da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, tem dedicado a carreira a um tema que, até poucos anos atrás, parecia distante da rotina clínica: os potenciais terapêuticos da cannabis na saúde animal.


No mesmo campus, ganha força uma das iniciativas mais estruturadas do país no setor: o NUDEcan Unesp – Núcleo de Desenvolvimento da Cannabis, um projeto que reúne pesquisa, cultivo e inovação tecnológica. 


A iniciativa é resultado de uma ampla cooperação técnico-científica entre a Unesp, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o Ministério da Saúde, a Fiocruz e diversas associações canábicas. 


O objetivo é desenvolver pesquisas, extratos e tecnologias que possibilitem a futura inserção de derivados de cannabis no Sistema Único de Saúde (SUS).


Conforme anunciado meses atrás, o projeto será instalado na cidade de Ilha Solteira (SP) e busca estruturar, de forma regulada, toda a cadeia que envolve a produção, extração e aplicação das potencialidades medicinais e industriais da planta. 


 

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Docente Rogério Martins Amorim explica como a ciência tem guiado, com responsabilidade, o uso da cannabis em tratamentos veterinários no Brasil | Foto: Reprodução Video

Com essa articulação, o NUDEcan consolida a Unesp como referência nacional no avanço de soluções em cannabis baseadas em evidências científicas.


Em entrevista recente ao Sechat, Amorim destacou como a ciência tem ampliado o olhar sobre o bem-estar de cães e gatos, e como novos estudos vêm oferecendo caminhos mais seguros, individualizados e acessíveis para tutores que buscam qualidade de vida para seus animais.


“Nosso foco é entender como esses compostos podem atuar de forma responsável, ética e cientificamente embasada”, explicou.


Cannabis e envelhecimento: pesquisa mira sinais da disfunção cognitiva


Entre os trabalhos que coordena, Amorim detalhou um estudo que tem despertado grande interesse na comunidade científica: a investigação dos efeitos da cannabis nos sinais da disfunção cognitiva em cães, condição considerada a equivalente veterinária da doença de Alzheimer em humanos.


Segundo o pesquisador, cães idosos com disfunção cognitiva apresentam sintomas que afetam profundamente a rotina da família: inversão do ciclo sono-vigília, desorientação, caminhadas compulsivas pela casa, vocalizações, ansiedade, episódios de agressividade e alterações no padrão de eliminação. “Esses sinais trazem muito prejuízo à qualidade de vida do animal e dos tutores”, destacou.


No estudo em andamento, esses cães estão sendo tratados com óleo de cannabis, e os resultados iniciais têm sido animadores. “Os animais diminuem os andares compulsivos, a vocalização, ficam mais calmos, passam a dormir melhor. Alguns reduzem até a agressividade. Há uma melhora clara na qualidade de vida”, reforçou.
 

A pesquisa é desenvolvida dentro da FMVZ-Unesp Botucatu, tanto na graduação quanto no programa de pós-graduação em Medicina Veterinária, em parceria com sua orientanda Klysse Assumpção, que também já foi entrevistada pelo Sechat falando um pouco sobre esse projeto.


Confira um trecho da entrevista com o médico veterinário: