Secagem e cura do cânhamo: novo estudo analisou diferentes métodos
Estadunidenses investigaram composição bioquímica da biomassa do cânhamo, e liofilização teve melhores resultados
Publicada em 25/02/2025
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Imagem ilustrativa: Canva.
Um estudo da Universidade de Cornell recém-publicado no periódico Plants, realizado com as variedades de cânhamo Hempress e Wild Bourbon, teve como objetivo avaliar a influência de diferentes métodos de secagem e cura na composição química da biomassa, especialmente nos teores de canabinoides. Essas variedades foram escolhidas por serem ricas em CBD e baixas em THC, tornando-as ideais para pesquisas voltadas ao uso medicinal e industrial.
Preparação do Material e Condições Ambientais
As inflorescências das plantas foram colhidas manualmente na Cornell University School of Integrated Plant Science e preparadas para os experimentos. Antes da secagem, as amostras foram trituradas até alcançarem um tamanho de partícula de 1 mm, garantindo uniformidade nos testes. A umidade foi medida utilizando um método termogravimétrico padrão, que envolve a secagem de amostras em forno a 105 °C até estabilização do peso.
Métodos de Secagem e Cura
Três métodos principais de secagem foram testados: secagem ao ar ambiente, secagem por ar quente e liofilização. A secagem ao ar foi realizada a 26 °C e 45% de umidade relativa, enquanto a secagem por ar quente utilizou um desidratador digital a 75 °C. Já a liofilização foi conduzida em um liofilizador a vácuo de 2,1 kPa, com temperatura da prateleira em 26 °C e do condensador em -55 °C. Após a secagem, as amostras foram submetidas a um processo de cura por três semanas, armazenadas em potes de vidro selados ou sacos de Mylar.
Análises Químicas e Microbianas
A análise de canabinoides foi realizada por cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC), permitindo a identificação e quantificação de compostos como CBD, CBDA, THC e seus respectivos ácidos precursores. O processo de secagem e cura afetou significativamente os níveis desses compostos, com a liofilização preservando melhor os canabinoides e reduzindo a conversão de CBDA em CBD.
Além das análises químicas, a carga microbiana das amostras foi monitorada através do método de contagem de unidades formadoras de colônias (UFC). As amostras foram diluídas em água pura e incubadas em placas específicas para a quantificação de leveduras e fungos. Os resultados mostraram que a secagem por ar quente e a liofilização foram mais eficazes na redução da contaminação microbiana, enquanto a secagem ao ar apresentou um maior nível de microrganismos.
Avaliação de Cor e Impacto na Qualidade
Para entender os efeitos da secagem e cura na aparência do cânhamo, foram feitas medições de cor utilizando o sistema CIELab. Esse sistema permite avaliar mudanças na luminosidade (L*), na tendência ao vermelho (a*) e ao azul (b*). Os resultados indicaram que a secagem ao ar ambiente resultou em maior escurecimento da biomassa, enquanto a liofilização preservou melhor as características visuais do cânhamo. Essa diferença é relevante, pois a coloração pode influenciar a aceitação comercial do produto.
Os dados obtidos reforçam a importância de escolher um método adequado de secagem e cura para otimizar a qualidade final do cânhamo. A liofilização se mostrou a opção mais eficiente na preservação dos canabinoides e na redução da carga microbiana, enquanto a secagem ao ar ambiente apresentou mais alterações na composição química e na coloração. Essas descobertas podem ser aplicadas para aprimorar os processos industriais e garantir produtos de maior valor agregado no mercado.