Temos que pensar na ciclicidade”: especialista explica como a cannabis atua no corpo feminino
Especialista explica como a cannabis e a saúde da mulher se conectam, com aplicação em todas as fases da vida, da adolescência à menopausa
Publicada em 17/11/2025

Dra. Mariana Prado, durante o Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal 2025. Imagem: Canva Pro
O uso de cannabis na saúde da mulher é um campo "muito novo", com estudos concentrados a partir de 2019, mas que "veio para ficar". A afirmação é da Dra. Mariana Prado, durante o Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal 2025.
A ginecologista destaca a amplitude da aplicação terapêutica. A cannabis interage com o corpo feminino em diferentes momentos, não se restringindo a uma única patologia ou faixa etária. "A cannabis se aplica a todas as fases da vida da mulher", explica Dra. Prado.
"Então, a gente está falando desde a adolescência ali, com os transtornos da menacme, TPM, cólica, transtorno disfórico pré-menstrual, transtornos da menopausa, libido, insônia", detalha.
A medica expõe também a possibilidade do uso em patologias. "principalmente dores pélvicas crônicas, endometriose, adenomiose".
Estudos complementares reforçam essa visão. O sistema endocanabinoide (SEC) interage diretamente com os hormônios femininos, explicando por que o corpo responde de maneira única aos canabinoides.
A ciclicidade do uso
Para a Dra. Mariana Prado, a principal diferença do tratamento canabinoide em mulheres é a necessidade de entender a flutuação hormonal. Um tratamento estático, com a mesma dosagem o mês inteiro, pode não ser o ideal.
"Eu sempre falo que quando a gente pensa na terapia canabinoide no corpo feminino, a gente tem que pensar nessa ciclicidade", alerta a médica.
Ela detalha que essa variação é a base de muitas condições ginecológicas. "Na ginecologia a gente tem que pensar que nem sempre o mês inteiro essa paciente vai estar em uso da mesma dose."
O Efeito "Entourage"
No manejo de dores pélvicas crônicas, como as causadas pela endometriose, a Dra. Prado explica a preferência por formulações full spectrum (espectro completo), que usam a planta inteira.
"No controle da dor, logicamente, a gente tende a preferir os óleos de espectro completo porque é o efeito entourage. Uma sinergia, um potencializa o efeito do outro", diz.
Ela detalha a ação dos compostos. "O CBD tem o potencial analgésico, principalmente, anti-inflamatório. O THC chega para potencializar o efeito".
A ginecologia também permite explorar diferentes vias de administração. "Pode ser via oral, pode ser supositório. A ginecologia trabalha com essas outras formulações."
O pilar do tratamento com cannabis
Apesar dos benefícios, a médica enfatiza que a cannabis não é uma solução mágica, mas parte de uma abordagem integral de saúde. mudança de estilo de vida (MEV)", pontua. "Não tem como a gente começar um tratamento canábico sem que ela ajuste esses outros fatores também. Sono, atividade física, saúde mental, hidratação".
Para que o tratamento funcione, a participação da paciente é essencial. "A gente precisa que ela embarque com a gente, principalmente fazendo o calendário menstrual, se entender durante o ciclo."



