Cannabis e saúde hormonal: por que o corpo da mulher responde diferente?

Entenda como o sistema endocanabinoide interage com os hormônios e influencia o uso terapêutico da cannabis em mulheres

Publicada em 03/06/2025

Cannabis e saúde hormonal: por que o corpo da mulher responde diferente?

Imagem Ilustrativa: Canva Pro

Um dos principais fatores que diferenciam mulheres e homens no uso da cannabis medicinal é a forma como o sistema endocanabinoide (SEC) interage com os hormônios femininos.

Presente em todos os mamíferos, o sistema endocanabinoide desempenha diversas funções no corpo humano, como modulação da dor, regulação do humor, neuroproteção, ação anti-inflamatória e controle da ansiedade. Ele atua em conjunto com outros sistemas, como o nervoso, imunológico e endócrino, promovendo equilíbrio — ou, como explica a médica nutróloga Paula Vinha, “homeostase”.

"Não adianta ter os melhores músicos do mundo sem um bom maestro. Vai virar uma bagunça, sem ritmo, sem tom", compara Vinha, ao explicar a centralidade do SEC no corpo humano.

A fala foi registrada durante o episódio do Deusa Cast, podcast original do portal Sechat, que também contou com a presença da médica ginecologista e terapeuta canábica Mariana Prado.

Paula Vinha explica: 

 

Cannabis medicinal no tratamento de distúrbios femininos


Segundo Mariana Prado, o sistema endocanabinoide participa da manutenção de diversos processos fisiológicos e está diretamente ligado a sintomas que acometem muitas mulheres ao longo da vida.

"Se a mulher tem endometriose, algum transtorno ansioso ou depressivo relacionado à menstruação ou à transição da menopausa, algo está afetando o equilíbrio do corpo. O tratamento com a cannabis permite modular esse sistema, oferecendo à paciente o que está em falta", explica a ginecologista.

Além da endometriose, o tratamento com canabinoides pode auxiliar em casos de câncer de mama, câncer de colo do útero, estresse e ansiedade, cólicas menstruais intensas, inflamações crônicas, transtornos de humor relacionados ao ciclo hormonal e outros.

Assista a fala da Dra. Mariana Prado: 

 

Estudos reforçam as diferenças biológicas no efeito da cannabis

 

Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP demonstrou que, mesmo em modelos animais, os efeitos do canabidiol (CBD) variam de acordo com o sexo. No caso das fêmeas, essas variações também são influenciadas pelas diferentes fases do ciclo reprodutivo.

Durante o estudo com roedores, foi observado que as fêmeas em fase de diestro apresentaram reações significativamente mais intensas ao estresse, se comparadas a machos ou a fêmeas em fase de proestro. Contudo, quando essas mesmas fêmeas em diestro receberam CBD, a resposta de pânico foi drasticamente reduzida. O mesmo não ocorreu com os demais grupos.