UnB e associação firmam parceria para avançar na pesquisa com cannabis medicinal
Acordo de três anos visa aprimorar processos de extração e controle de qualidade de produtos terapêuticos no Distrito Federal
Publicada em 27/11/2025

Pesquisadores atuam no controle de qualidade e na melhoria de produtos à base de cannabis em laboratório do Instituto de Química. Imagem: Fernanda Vasconcelos/IQ
A Universidade de Brasília (UnB) consolidou uma importante parceria científica com a Associação Brasileira do Pito do Pango (Abrapango). O objetivo central é aprofundar o estudo dos processos de extração e controle de qualidade de produtos terapêuticos à base de cannabis medicinal.
A iniciativa é resultado do esforço das professoras Ana Cristi Basile e Fernanda Vasconcelos, do Instituto de Química (IQ). O acordo foi assinado pelo Decanato de Pesquisa e Inovação (DPI) em agosto e celebrado oficialmente em setembro. Com vigência de três anos, a cooperação garante a continuidade de pesquisas e abre novas frentes de trabalho.
"Nossa expectativa é que essa colaboração se fortaleça ao longo desse período, avançando posteriormente para um acordo que permitirá desenvolver novos produtos, processos e tecnologias", afirma Fernanda Vasconcelos em nota da UnB.
Estrutura da pesquisa com cannabis medicinal

Pelo acordo vigente, a Abrapango fornece as amostras de produtos, enquanto a UnB disponibiliza estudantes, infraestrutura laboratorial e suporte técnico-científico. A docente explica que a parceria vai além da bancada do laboratório.
"Estamos trabalhando juntos na organização do segundo Cann&Quim [Simpósio Cannabis e Química] no DF, previsto para 2026. A cooperação envolve não apenas pesquisa, mas também ações integradas de divulgação científica", destaca Fernanda.
Para os próximos anos, a meta é ampliar o número de estudantes dedicados ao tema da cannabis medicinal. O plano inclui aprofundar o entendimento sobre a adaptação de diferentes sementes em solos brasileiros e estabelecer parcerias com outras associações.
Avanços na qualidade e segurança

O trabalho conjunto surgiu de contatos com uma associação do Distrito Federal que conectou a Abrapango às pesquisadoras. Fernanda Vasconcelos ressalta a importância da regularização da entidade parceira para o avanço dos estudos.
"Ficamos muito satisfeitas em conhecer a Abrapango, uma das poucas associações que possuem liminar autorizando a realização de pesquisas em parceria com universidades", conta. Isso permitiu que ela e a professora Ana Cristi decidissem avançar nos estudos sobre cannabis medicinal, incluindo análises de resinas além dos óleos diluídos.
A parceria busca aprimorar a qualidade dos óleos produzidos, realizando análises de canabinoides e terpenos. O suporte inclui a otimização da seleção de sementes e métodos de extração, fortalecendo a formação de novos pesquisadores em mestrados e doutorados.
UnB como referência em cannabis medicinal
A Universidade desempenha um papel central no avanço científico da área no Brasil. Segundo Fernanda, há um interesse explícito da Reitoria em consolidar a UnB como referência nacional em cannabis medicinal, dialogando com uma tradição já existente na instituição.
A professora cita pioneiros como Andréa Galassi, da UnB Ceilândia, cujos estudos indicam que a planta pode atuar como porta de saída para drogas mais danosas. Também são mencionados os professores Renato Malcher e Sidarta Ribeiro, referências em neurociência e efeitos terapêuticos da planta.
"Ao integrarmos o novo centro de pesquisa, temos a satisfação de nos juntar a esse grupo que lidera a produção científica sobre cannabis medicinal no Brasil", manifesta Fernanda. A expectativa é que o centro reúna outras universidades, consolidando o potencial do país como produtor de conhecimento.
Impacto social e terapêutico
Do ponto de vista social, a parceria visa permitir que associações produzam óleos de qualidade a baixo custo. Isso pode gerar melhorias significativas na saúde de idosos com Alzheimer e Parkinson, crianças com epilepsia e pacientes com dor crônica ou ansiedade.
Os pesquisadores reforçam que a segurança no uso da cannabis medicinal depende de responsabilidade e acompanhamento. O maior risco recai sobre o uso sem orientação sobre doses e interações medicamentosas. Portanto, o aumento do conhecimento científico e da capacitação profissional é essencial para uma utilização terapêutica segura e eficaz.
Conteúdo publicado no portal da UNB com curadoria da Sechat.



