Como a Cannabis Medicinal pode ajudar no tratamento de distúrbios do movimento
Estudo concluiu que sintomas como espasticidade, tremores, coreia e distonia, podem ser aliviados pelo CBD e pelo THC, os canabinoides mais conhecidos da maconha medicinal
Publicada em 22/01/2021
Curadoria e edição de Sechat Conteúdo, com informações de Canex (Emily Ledger)
Dado o potencial terapêutico registrado anteriormente dos compostos de cannabis, como os canabinoides, vários estudos objetivaram entender se a cannabis poderia ajudar no tratamento de alguns distúrbios do movimento. Em uma recente revisão da literatura, os pesquisadores avaliaram as evidências atuais para o uso de cannabis e seus derivados nessas condições.
Os distúrbios do movimento podem se referir a vários distúrbios neurodegenerativos e hipercinéticos com sintomas motores. Por exemplo, tremores de repouso, acinesia, bradicinesia, espasticidade e perda do movimento automático. Além disso, eles também podem ser acompanhados por disfunção autonômica, prejuízo cognitivo e depressão.
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Canabinoides e o sistema endocanabinoide
O sistema endocanabinoide é o nome dado a uma rede de receptores, enzimas e compostos ativos conhecidos como endocanabinoides. Esses compostos são semelhantes em estrutura aos fitocanabinoides produzidos pelas plantas de cannabis.
Dessa forma, essa semelhança significa que os fitocanabinoides, como o CBD e o tetrahidrocanabinol (THC), podem interagir efetivamente com os receptores canabinoides endógenos (CB1 e CB2). Isso pode facilitar uma série de respostas e efeitos. O sistema endocanabinoide foi implicado em uma série de funções cognitivas e fisiológicas, incluindo humor, controle motor e dor.
Há evidências de que o canabidiol (CBD) - um fitocanabinoide prevalente - pode ter significado terapêutico contra distúrbios neurodegenerativos e hipercinéticos. Os medicamentos baseados em CBD já foram usados para tratar vários sintomas associados a uma variedade de condições. Incluem-se convulsões intratáveis, dor crônica, artrite, transtorno de estresse pós-traumático e náuseas e vômitos associados à quimioterapia.
Evidências existentes para o uso de cannabis em distúrbios do movimento
Um total de 22 relatórios relevantes foram incluídos na revisão da literatura, avaliando uma variedade de condições, incluindo esclerose múltipla (EM), doença de Parkinson (DP), transtorno de estresse pós-traumático (PTSD) e doença de Huntington (HD).
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No entanto, os autores desta revisão colocaram um foco particular nos sintomas associados à doença de Huntington, como espasmo e espasticidade, tremor, qualidade do sono e coreia. Habilidade motora e distonia também foram medidos usando a Escala de Avaliação da Doença de Huntington Unificada (UHDRS). Esta escala avalia a função motora, função cognitiva, anormalidades comportamentais e capacidade funcional em pacientes que vivem com HD.
Testes clínicos
Cinco dos estudos e relatórios incluídos nesta revisão foram ensaios clínicos randomizados e controlados por placebo que incluíram um total de 1.329 participantes humanos. Esses estudos avaliaram o potencial de vários produtos de cannabis medicinal, como Sativex - um spray oral que combina CBD e THC, e canabinoide sintético, Nabilone.
A maioria dos estudos incluídos nesta revisão demonstrou resultados clinicamente significativos que apoiam o uso de produtos medicinais de cannabis no tratamento de distúrbios do movimento, particularmente para sintomas motores e qualidade do sono. No entanto, o número de pacientes com doença de Huntington disponíveis para participar era relativamente baixo, totalizando apenas 78. Portanto, o exame de pacientes com sintomas semelhantes (embora causados por outras condições) foi necessário.
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Conclusão
Os autores desta revisão de literatura reconhecem que as melhorias nos sintomas de distúrbios do movimento, como espasticidade, tremores, coreia e distonia, podem ser aliviadas tanto pelo CBD quanto pelo THC. Por outro lado, sintomas como qualidade do sono, índices comportamentais e neuropsiquiátricos poderiam ser mais atribuíveis ao CBD, dadas as propriedades ansiolíticas, neuroprotetoras, antioxidantes e anticonvulsivantes do canabinoide.
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A evidência atual justifica a expansão da pesquisa nesta área, com os autores recomendando ensaios clínicos randomizados em larga escala para progredir ainda mais em nossa compreensão do potencial da cannabis para o tratamento de distúrbios do movimento, incluindo a doença de Huntington.