"Agora ele é quem realmente é": a transformação de Khevin, criança com diagnóstico de TEA e TDAH

Melhora no sono, alimentação e redução da agressividade são alguns dos benefícios apontados pela mãe

Publicada em 12/06/2025

"Agora ele está sendo quem realmente é”: canabidiol transforma vida de Khevin, menino de 8 anos com autismo e TDAH

Juliany Cristiny Roldan e Khevin Miguel Roldan Martins no Parque da Turma da Mônica. Imagem: Arquivo pessoal

Morador de Carapicuíba (SP), o pequeno Khevin Miguel Roldan Martins, de 8 anos, se destaca entre os colegas por ser um “youtuber mirim”. Em seu canal, compartilha animações, construções em jogos e outras criações em vídeo. 

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Juliany Cristiny Roldan e Khevin Miguel Roldan Martins. Imagem: Arquivo pessoal

Apesar de ser autodidata e criativo nas redes, fora das telas o comportamento era bem diferente. Segundo a mãe, Juliany Cristiny Roldan, o filho não conseguia interagir de forma lúdica com brinquedos ou pessoas, apresentando dificuldade em sua comunicação.

Diagnosticado com Transtornos do espectro autista (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), após iniciar o uso do canabidiol (CBD), uma molécula extraída da Cannabis Sativa L., Khevin já apresenta melhoras importantes.

“Ele começou a criar brincadeiras com os brinquedos, sem estar no computador. Uma noite, ele me disse: ‘Mãe, tive uma ideia para uma animação’. Levantou, escreveu um script e depois foi dormir”, conta Juliany.

 

Diagnóstico precoce e os desafios da hiperatividade

 

Diagnosticado com autismo aos dois anos, Khevin iniciou acompanhamento com psicólogos, terapeutas ocupacionais e outros profissionais. Até os seis anos, não usava medicamentos, mas sua agitação começou a preocupar.

A primeira medicação foi a risperidona, indicada após sucessivas noites sem sono. “Nos primeiros dias foi maravilhoso, ele dormia rápido. Mas eu tinha medo, parecia que eu estava dopando meu filho”, relata Juliany.

Com o tempo, o efeito do remédio diminuiu. As dificuldades de sono, a seletividade alimentar e a agressividade voltaram a ser um desafio.

 

TDAH, medicação ineficaz e crises intensas


Aos sete anos, veio o novo diagnóstico: Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). O psiquiatra sugeriu o uso de Ritalina, mas a medicação foi rejeitada por Khevin — ele só aceita medicamentos transparentes.

Sem adesão à Ritalina, a família seguiu apenas com a risperidona. Os ajustes de dosagem causavam sonolência excessiva e irritabilidade. “Um simples ‘não’ deixava ele extremamente irritado. Gritava, jogava objetos. A gente sabe que crises fazem parte, mas isso era novo”, relata a mãe.

 

Excluído da escola, acolhido pela cannabis


Em 2024, as crises aumentaram e Khevin passou a maior parte do ano fora da escola pública onde estudava. “A inclusão não funciona como deveria. Quando tem uma professora para acolhê-lo, logo ligam pedindo para eu buscá-lo”, lamenta Juliany.

Sobrecarregada e sem apoio, ela começou a procurar alternativas. Foi então que, em outubro de 2024, surgiu a possibilidade do uso de canabidiol no tratamento do autismo e TDAH. “Alguns médicos são contra, dizem que faltam estudos. Mas eu pensei: por que esperar tudo piorar para tentar o canabidiol, se posso evitar as crises agora?”

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Khevin durante aula de natação. Imagem: Arquivo pessoal

A introdução do canabidiol trouxe resultados rápidos. As crises de agressividade reduziram drasticamente. “A agressividade praticamente desapareceu. O 'grito' ainda vinha, mas parecia um alívio. Depois, ele segue com as atividades.”

A seletividade alimentar, que antes causava náuseas ao ver outras pessoas comendo, também deu sinais de melhora. “Hoje mesmo ele tomou um golinho de milkshake. Não gostou, mas experimentou.”, completa.

“Hoje é muito difícil ver o Khevin em crise. Ele se conhece mais, se expressa melhor, e a gente também consegue respirar. Sinto que agora ele está sendo quem realmente é", finaliza a mãe.

 

Redução da medicação e avanços na sociabilidade

 

Com a melhora geral, a família iniciou a retirada gradual da risperidona. Hoje, Khevin usa apenas 0,5 ml por dia, além de melatonina para dormir.

Do ponto de vista social, os progressos são visíveis: o menino, antes intolerante ao toque, agora aceita abraços e outros gestos de carinho.

Apesar disso, a escola continua sendo o principal obstáculo. Com constantes desavenças, ela criou alternativas para auxiliar seu filho. “Ele entra às sete e às nove já pedem para buscar. No frio, não dá. Peço a lição para fazer em casa”, explica Juliany.

 

No quadro Como é Dra.? a médica Kemilly Andrade explica como a cannabis pode ajudar pacientes com Transtorno do Espectro Autista e Déficit de Atenção; Veja o vídeo: