O cantor e compositor Alexandre Carlo, vocalista da banda Natiruts, defendeu a legalização da cannabis no Brasil — tanto em sua vertente medicinal quanto industrial — durante a apresentação de despedida no festival João Rock, neste sábado (14), em Ribeirão Preto (SP).

“China, Estados Unidos e outros já estão lá na frente. Por que estamos vacilando?”, questionou Alexandre, ao citar a produção local de cânhamo regulamentada em diversos países.

A declaração foi feita nos momentos finais do show, que durou quase duas horas, enquanto o artista homenageava o baixista Luís Maurício, também presidente da Associação Brasileira da Cannabis e Cânhamo Industrial (ABCCI).

“Meu irmão, irmão de todos. Ele está aqui com seu baixo de cânhamo, nesta luta pela legalização, pra salvar a vida de muita gente. Vamos acabar com a ignorância no Brasil”, afirmou.

Compromisso com a regulamentação

Em entrevista concedida ao portal Sechat, em junho de 2024, Luís Maurício destacou os principais objetivos da entidade e da comunidade envolvida no tema:

“A missão é ajudar na regulamentação da produção aqui no Brasil. Só assim poderemos reduzir os custos, gerar receita para o país — que poderia ser revertida para saúde e educação, por exemplo", declarou Luís Maurício.

Cannabis medicinal: decisão do STJ e prazo de regulamentação

A regulamentação do cultivo de cânhamo para fins medicinais e científicos, citada por Alexandre Carlo, já tem data marcada: 30 de setembro de 2025.

A medida decorre de uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), emitida em novembro de 2024, que autorizou a produção nacional de cannabis exclusivamente para uso medicinal e científico.

Inicialmente, o prazo para regulamentação se encerraria em 19 de maio de 2025, mas o governo brasileiro solicitou uma prorrogação com entrega de plano de ação, que foi acatada pelo STJ.

Despedida histórica com discurso político

A apresentação no João Rock fez parte da turnê de despedida da banda Natiruts, que termina no dia 2 de agosto, em Brasília (DF), após mais de 30 anos de carreira.

O repertório emocionou o público, com “Presente de um Beija-Flor” na abertura e clássicos como “Sorri, Sou Rei”, cantados em coro. O momento de defesa da legalização da cannabis no Brasil reafirmou a postura engajada da banda, que sempre dialogou com causas sociais e ambientais.