O transtorno afetivo bipolar é uma condição psiquiátrica crônica marcada por episódios alternados de depressão e mania ou hipomania. Afeta cerca de 6 milhões de brasileiros, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Diante das limitações dos tratamentos convencionais, cresce o interesse pelo uso do canabidiol (CBD) como uma alternativa terapêutica, especialmente no contexto da cannabis medicinal.

O que é o canabidiol e como ele atua no cérebro?

O canabidiol (CBD) é um dos principais compostos não psicoativos da planta Cannabis sativa. Estudos indicam que ele pode atuar na regulação do sistema endocanabinoide, que está envolvido em funções como humor, sono, apetite e memória — áreas frequentemente afetadas em pessoas com transtorno bipolar.

Estudo da Fiocruz aponta melhora inicial com altas doses de CBD

Um dos estudos mais relevantes foi conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com apoio da Anvisa, publicado no Informe Cannabis e Transtornos Mentais (2020). Na pesquisa, pacientes bipolares receberam doses elevadas de CBD (600 mg a 1200 mg por dia), em combinação com olanzapina, durante 20 dias. No 21º dia, o CBD foi substituído por placebo.

Os resultados mostraram uma redução de 37% nos sintomas maníacos (medida pela Young Mania Rating Scale) e 33% de melhora geral (pela Brief Psychiatric Rating Scale) — porém, os efeitos positivos foram limitados à fase inicial do tratamento.

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Relatos de pacientes e estudos observacionais sugerem efeitos estabilizadores de humor

Uma pesquisa publicada no Journal of Cannabis Research (2019) reuniu relatos de pacientes que utilizaram canabidiol por conta própria como forma de aliviar sintomas bipolares. Os dados, ainda que preliminares, indicam que o CBD pode ter efeitos estabilizadores de humor, atuando na modulação emocional via sistema endocanabinoide.

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Revisão sistemática reforça necessidade de mais estudos

Uma revisão sistemática publicada em 2023 no Frontiers in Psychiatry avaliou o uso de cannabis medicinal em diversos transtornos psiquiátricos, incluindo o transtorno bipolar. A conclusão é clara: ainda não há evidências científicas robustas que justifiquem o uso do CBD como tratamento primário ou adjuvante. Os pesquisadores recomendam mais estudos randomizados e controlados para comprovar eficácia e segurança.

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Riscos associados ao uso de cannabis rica em THC

Outro estudo, publicado no BMC Psychiatry (2019), analisou o impacto do uso de cannabis com alto teor de THC em pacientes bipolares e concluiu que o composto pode agravar episódios maníacos. Isso levanta um alerta: embora o CBD puro possa ter propriedades benéficas, produtos com THC devem ser evitados por pessoas com transtorno bipolar.

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Uso de CBD no transtorno bipolar exige orientação médica

A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) classifica o uso de canabidiol no tratamento do transtorno bipolar como categoria F de evidência científica, ou seja, os estudos ainda são insuficientes para validar o uso clínico seguro e eficaz.

Especialistas ressaltam que pacientes interessados em terapias com cannabis medicinal devem buscar acompanhamento médico especializado e optar por produtos regularizados pela Anvisa.

Masterclass conduzida por Pierro explora o papel do sistema endocanabinoide na regulação do humor e no alívio de sintomas da bipolaridade, depressão e dor crônica

Compreender como o sistema endocanabinoide atua na regulação do humor, sono e percepção da dor tem se tornado um dos focos da medicina contemporânea. Essa é a proposta do novo episódio do podcast Deusa Cast, que apresenta uma masterclass exclusiva sobre medicina endocanabinoide, conduzida pelo especialista Pierro.

Durante o episódio, Pierro explica como os avanços na compreensão desse sistema têm permitido desenvolver abordagens terapêuticas mais eficazes e personalizadas para tratar condições como transtorno afetivo bipolar, depressão, ansiedade, distúrbios do sono e dores crônicas.

“A medicina endocanabinoide representa uma nova fronteira no cuidado à saúde mental e emocional. Entender como esse sistema funciona é essencial para abrir novas possibilidades terapêuticas”, afirma o especialista.

O conteúdo é voltado tanto para profissionais da saúde quanto para o público em geral interessado em novas formas de tratamento baseadas em evidências científicas.

O episódio completo está disponível no YouTube: Assista aqui

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