CBD e THC: diferenças, usos terapêuticos e panorama legal no Brasil
Conheça as diferenças entre CBD e THC, seus usos terapêuticos em diversas doenças, e entenda o panorama legal da cannabis medicinal no Brasil, que avança com regulamentações que ampliam o acesso seguro para milhares de pacientes
Publicada em 12/08/2025

Imagem: Canva Pro
Os compostos derivados da planta Cannabis sativa, especialmente o canabidiol (CBD) e o tetraidrocanabinol (THC), têm ganhado destaque na medicina devido às suas propriedades terapêuticas distintas. Entender suas diferenças é essencial para profissionais de saúde e pacientes que buscam alternativas eficazes e seguras.
CBD: Terapia Sem Efeitos Psicoativos
O CBD é um canabinoide não psicoativo que interage com o sistema endocanabinoide, promovendo efeitos ansiolíticos, anti-inflamatórios, anticonvulsivantes e neuroprotetores. Estudos clínicos indicam sua eficácia no tratamento de condições como epilepsia refratária, transtornos de ansiedade, dor crônica e doenças neurodegenerativas.
No Brasil, o uso terapêutico do CBD é regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Desde 2015, a Anvisa permite a importação de produtos à base de CBD com prescrição médica. Publicada em 2022, a RDC 660 da Anvisa autoriza a importação excepcional de produtos de cannabis com prescrição médica. Além disso, a regulamentação da RDC 327/2019 facilita o acesso a esses tratamentos, permitindo a importação de produtos com prescrição detalhada. Atualmente, a Anvisa aprovou 26 produtos de 16 empresas diferentes para o mercado de cannabis no Brasil.
THC: Uso Controlado com Potencial Terapêutico
O THC é responsável pelos efeitos psicoativos da cannabis, incluindo a sensação de euforia. Além disso, possui ação analgésica e relaxante. Seu uso é indicado principalmente para casos de dor intensa, insônia, náuseas provocadas por tratamentos como quimioterapia, e estímulo do apetite em pacientes com perda de peso, como em alguns casos de câncer. No Brasil, o THC tem uso restrito e requer autorização especial da Anvisa para uso terapêutico.
Uma pesquisa conduzida pelo Hospital Universitário de Bonn (UKB) e a Universidade de Bonn, em colaboração com a Universidade Hebraica de Israel, revelou que uma dose baixa e contínua de THC pode reverter processos de envelhecimento no cérebro e promover efeitos antienvelhecimento gerais. O estudo, realizado em camundongos, mostrou que o THC influenciou vias moleculares importantes no cérebro, particularmente o receptor canabinoide tipo 1 (CB1), que está relacionado ao envelhecimento cerebral. Além disso, o tratamento com THC aumentou temporariamente a atividade da proteína mTOR no hipocampo, região cerebral essencial para o aprendizado e a memória, promovendo um efeito antienvelhecimento ao diminuir a atividade de mTOR e os processos metabólicos na periferia.
Panorama Legal e Acesso no Brasil
A legislação brasileira tem avançado no reconhecimento do potencial terapêutico da cannabis. Em 2025, a Anvisa revisa a RDC 327, buscando aprimorar as normas para o uso medicinal da cannabis e a dispensação dos produtos à base de cannabis em farmácias e drogarias, outra expectativa é a revisão da RDC 660 que estabelece critérios para a importação de produtos à base de cannabis por pessoa física com receita médica. Além disso, associações de pacientes têm desempenhado um papel crucial na obtenção de produtos à base de cannabis, oferecendo alternativas seguras e acessíveis para tratamentos diversos.
Doenças Tratáveis com Cannabis Medicinal
A cannabis medicinal tem mostrado eficácia no tratamento de diversas condições de saúde, incluindo:
- Epilepsia refratária
- Transtornos de ansiedade
- Dor crônica
- Esclerose múltipla
- Mal de Parkinson
- Alzheimer
- Autismo
- Fibromialgia
- Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)
- Esquizofrenia
- Insônia
- Artrite e artrose
- Acne
- Transtornos alimentares
- Doenças gastrointestinais como síndrome do intestino irritável, doença de Crohn e refluxo gastroesofágico.
Essas condições podem ser tratadas com o uso de cannabis medicinal, proporcionando alívio dos sintomas e melhoria na qualidade de vida dos pacientes. Saiba mais: