CBD isolado, broad ou full spectrum? Saiba qual óleo de cannabis é indicado para cada caso
No Deusa Cast, a pediatra Lays Mello detalha como cada formulação influencia os resultados terapêuticos e a segurança do tratamento
Publicada em 16/10/2025

Imagem: Canva Pro
O podcast Deusa Cast dedicou seu 45º episódio para desmistificar o uso de canabinoides na pediatria, um tema de crescente relevância para famílias e profissionais da saúde. A convidada para aprofundar o assunto foi a Dra. Lays Mello, pediatra com estudos em Medicina Endocanabinoide e atuação no ambulatório da Faculdade de Medicina de Jundiaí.
Durante a conversa, a médica detalhou as diferentes formulações de óleos de cannabis disponíveis e como cada uma pode ser aplicada, explicando que o tratamento vai muito além do canabidiol (CBD) isolado.
As formulações e a importância dos canabinoides na pediatria
Dra. Lays Mello iniciou esclarecendo a composição dos principais tipos de óleos, destacando que a escolha correta é fundamental no uso de canabinoides na pediatria. "A gente tem basicamente três formulações de óleo. O óleo só com CBD, né? O CBD puro, que é o isolado", explicou.
Ela continuou, diferenciando as formulações que incluem outros componentes da planta. “Temos o CBD Broad Spectrum, que é um espectro que não tem o THC. Pegamos a planta inteira, CBD, CBG, CBN, THCV, inclusive os flavonoides e os terpenos, que agem em conjunto potencializando os efeitos positivos”, detalhou a pediatra.
A terceira formulação é a que inclui todos os compostos, inclusive o tetrahidrocanabinol (THC). “E quando a gente fala do full [spectrum], estamos com a planta inteira, ou seja, incluindo o THC”, afirmou. Segundo ela, na faixa pediátrica, o trabalho é feito com óleos Full Spectrum que possuem baixa concentração de THC, geralmente inferior a 0,3%.
O papel do THC e os cuidados no tratamento pediátrico

Um dos pontos centrais da discussão foi a função terapêutica do THC e os protocolos de segurança para seu uso em crianças. Dra. Lays Mello enfatizou a necessidade de uma avaliação rigorosa antes de iniciar um tratamento que inclua o composto.
“Sempre fazemos uma primeira triagem para avaliar antecedentes familiares de esquizofrenia ou doenças psiquiátricas importantes. Porque o THC pode dar aquela 'viradinha de chave' para essas doenças, ser o gatilho”, alertou a especialista.
Mesmo com os riscos, ela pondera que os efeitos psicoativos adversos relatados em estudos são geralmente leves e breves. “A criança não sabia onde ela estava, se perdeu em relação à memória, mas isso foi um evento breve”, comentou sobre um caso agudo. A segurança do tratamento está na combinação dos canabinoides, onde o CBD modula os efeitos do THC.
Efeito Entourage: a sinergia que potencializa o tratamento
A médica destacou a importância do "efeito entourage" — a sinergia entre os diversos compostos da planta — para a eficácia do tratamento com canabinoides na pediatria, especialmente em quadros de autismo.
“Um autismo não cabe muito entrar com o CBD isolado, porque ele não vai ter todo aquele potencial que a gente fala do efeito entourage”, pontuou. Segundo ela, a interação entre canabinoides, terpenos e flavonoides potencializa os resultados, proporcionando melhora social e flexibilidade cognitiva.
Para a epilepsia, no entanto, o cenário é diferente. “No caso da epilepsia, temos muitas evidências positivas com o canabidiol isolado e agora estamos tendo mais evidências com ele em broad spectrum também”, afirmou, reforçando que a escolha depende do quadro clínico.
Guia Rápido: entendendo o óleo de cannabis
Para agregar à discussão sobre canabinoides na pediatria, reunimos informações importantes sobre o uso de tinturas e óleos de cannabis.
Diferença entre Óleo e Tintura: Óleos geralmente usam CO² para extrair os compostos, diluídos em óleos carreadores (como coco). Tinturas utilizam álcool ou água como base para a extração.
Como escolher o produto ideal? Produtos full-spectrum são frequentemente recomendados por conterem toda a gama de canabinoides, promovendo o "efeito entourage" e potencializando os benefícios terapêuticos.
Como usar e dosar? A administração sublingual (gotas sob a língua) é a mais comum, permitindo absorção rápida. A dosagem precisa, com conta-gotas ou seringa, é crucial para a segurança e eficácia do tratamento.