Maquiagem de cânhamo? A beleza verde que desafia a regulação
O cânhamo conquista espaço na maquiagem com promessas de beleza natural, mas ainda enfrenta desafios na regulação e na ciência da pele
Publicada em 28/10/2025

toque suave da Cannabis na pele, promessas, cuidados e o futuro da beleza | Reprodução IA
Nos bastidores da beleza, um novo ingrediente vem chamando atenção: o cânhamo. Não pelo exagero, mas pela promessa de um toque mais natural e consciente, o cânhamo, variedade da Cannabis sativa com baixo teor de THC, começa a aparecer nas prateleiras das marcas de maquiagem, cremes e produtos de skincare. Mas o que está por trás desse brilho verde que mistura cosmética, ciência e regulação?
De acordo com o portal Canamo.net, Mais do que uma tendência estética, o uso de derivados do cânhamo e do canabidiol (CBD) em cosméticos carrega um discurso de bem-estar e sustentabilidade.
As fórmulas prometem hidratação, regeneração e equilíbrio para a pele. No entanto, entre a promessa e o rótulo, há um território regulatório complexo e ainda em construção.

Segundo a médica demartologista que também é colunista do Sechat, Ludmila Militão, o acesso de produtos de beleza a base de cannabis seria muito benéfico para a proteção da pele. "A cannabis tem ação de filtro solar adjuvante e ajudaria na redução dos danos solares e estresse oxidativo", disse.
A beleza que vem da planta
De batons a bases, os produtos com óleo de semente de cânhamo têm ganhado espaço por seu perfil rico em ácidos graxos essenciais e pela boa tolerância cutânea. Esse ingrediente, por não conter quantidades relevantes de canabinoides como CBD ou THC, é amplamente aceito em países da União Europeia e nos Estados Unidos, onde já é visto como um componente “verde” de valor cosmético.
Mas quando o assunto é o uso de CBD — o canabinoide não psicoativo conhecido por suas propriedades anti-inflamatórias — o cenário muda.
Apesar de estudos promissores sugerirem benefícios para peles sensíveis ou acneicas, a falta de evidências robustas e a ausência de consenso regulatório ainda limitam sua aplicação.
Enquanto a FDA (agência regulatória norte-americana) permite produtos derivados apenas de sementes de cânhamo, países europeus variam entre aceitação parcial e restrição. França e Alemanha, por exemplo, autorizam o uso de extratos com CBD sob determinadas condições. Já outros, como a Itália e a Espanha, mantêm proibições mais rígidas para ingredientes extraídos das flores da planta.
Brasil e o resto do mundo: um mapa de contrastes
No Brasil, o cenário é ainda de expectativa. A ANVISA, por meio da RDC 327/2019, regula apenas produtos medicinais à base de Cannabis, deixando os cosméticos fora desse enquadramento. O uso de extratos de Cannabis em produtos de beleza continua restrito, o que significa que maquiagens com CBD ou THC ainda não têm caminho regulatório claro para chegar ao consumidor brasileiro.
Outros países seguem trajetórias distintas:
- Estados Unidos permitem o uso de óleo de cânhamo e, em alguns estados, de CBD em cosméticos, desde que o teor de THC seja inferior a 0,3%.
- Canadá, pioneiro na legalização da Cannabis, ainda exige registro específico para cosméticos com CBD.
- Japão e Malásia proíbem o uso de canabinoides em produtos cosméticos, restringindo o cânhamo apenas a aplicações industriais.
- Austrália e Reino Unido têm avançado em regulações mais flexíveis, permitindo o uso de CBD isolado sob determinadas concentrações.
Esse mosaico global revela uma indústria em expansão, mas ainda em busca de equilíbrio entre inovação, evidência científica e segurança.
Com informações de Canamo.Net.



