O perfume da planta: cientistas decifram a voz olfativa da cannabis
Pesquisadores desenvolvem um léxico com 25 termos para padronizar os aromas da cannabis, unindo análises sensoriais e químicas
Publicada em 25/11/2025

Entre notas cítricas e terrosas, nasce o vocabulário do cheiro da cannabis | CanvaPro
Pesquisadores da Oregon State University acabam de propor algo inédito no universo da cannabis sativa: um léxico sensorial com 25 termos para descrever, de forma padronizada, os aromas da planta.
O estudo, publicado na revista PLOS ONE, buscou transformar percepções subjetivas, como “cítrico”, “terroso” ou “floral”, em um sistema confiável capaz de ajudar consumidores, produtores e pesquisadores a “falar a mesma língua” quando o assunto é cheiro.
Uma nova linguagem para um velho hábito
Para desenvolver o vocabulário, os cientistas reuniram um painel humano treinado, responsável por avaliar 91 amostras de flores intactas de cannabis.
A metodologia usada foi a Check-All-That-Apply, em que cada participante marcava todos os descritores que identificava em cada amostra. Paralelamente, análises químicas detalhadas, incluindo cromatografia para medir compostos voláteis, ajudaram a cruzar as impressões sensoriais com a composição química das flores.
O resultado foi um conjunto de 25 termos que inclui descrições como cítrico, resinoso, floral, amadeirado e até nuances enxofradas.
A proposta não é apenas nomear aromas, mas criar um padrão que permita comparar amostras, comunicar qualidade e até direcionar pesquisas sobre preferências e efeitos percebidos pelos usuários.
Quando o cheiro diz mais que os compostos
Entre as descobertas, está um ponto curioso: nem sempre o que a química sugere é o que o nariz percebe. O estudo identificou, por exemplo, grupos de amostras ricas em determinados terpenos, como o limoneno, frequentemente associado ao aroma cítrico, que não foram avaliadas como “cítricas” pelo painel humano.
A discrepância reforça que o aroma resulta de interações complexas entre compostos, e não apenas da presença isolada de um ou outro terpeno. Para o mercado, isso pode significar novas formas de classificar produtos além da concentração de THC, aproximando a cannabis de categorias sensoriais já consolidadas, como as usadas em cafés, vinhos e perfumes.
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A criação desse léxico abre portas para estudos futuros que investiguem como o cheiro influencia a experiência de uso e como as preferências aromáticas podem orientar o cultivo e o desenvolvimento de novas variedades.



