Posso usar cannabis enquanto tomo antibióticos? O que diz a ciência
Ainda não há evidências de que o uso de cannabis interfira diretamente na ação dos antibióticos, mas especialistas recomendam cautela e acompanhamento médico durante o tratamento
Publicada em 17/11/2025

Cannabis e tratamento com antibióticos: o que se sabe (e o que ainda falta descobrir) | CanvaPro
Você já se perguntou se pode usar cannabis enquanto está tomando antibióticos? Embora não haja evidências robustas de interações graves, a combinação ainda pede atenção, especialmente porque faltam estudos amplos que avaliem como os canabinoides influenciam o metabolismo de medicamentos de uso comum, é o que confirmou o site El Planteo.
No fim das contas, a resposta não costuma ser um “sim” ou “não”, mas um “depende”, com espaço para cuidado e orientação médica.
Como o organismo processa cannabis e antibióticos
O El Planteo explica também que tanto a cannabis quanto diversos medicamentos passam pelo chamado metabolismo de primeira passagem, uma etapa feita no fígado cuja função é filtrar substâncias, quebrar moléculas e reduzir potenciais excessos antes que elas circulem pelo corpo. Isso significa que, muitas vezes, cannabis e antibióticos “competem” pelas mesmas vias metabólicas.
A Dra. Carolina Rosa, médica da família, confirma essa dinâmica. Segundo ela, entender a relação entre cannabis e remédios, specialmente antibióticos, começa por compreender como o corpo processa cada um deles. “Quando ingerimos qualquer remédio, ele passa pelo fígado, onde ocorre o metabolismo de primeira passagem. É ali que o organismo filtra substâncias tóxicas, transforma moléculas em compostos menores e reduz parte da potência inicial do medicamento para proteger o corpo e facilitar sua eliminação”, explica.
Depois dessa etapa, o medicamento metabolizado segue pela corrente sanguínea até os órgãos, onde exerce seu efeito terapêutico. “Os canabinoides, como o CBD e o THC, também são metabolizados no fígado, pelas mesmas enzimas responsáveis por quebrar muitos medicamentos, entre eles, alguns antibióticos. Essas enzimas fazem parte do sistema citocromo P450, uma espécie de ‘usina química’ do corpo”, detalha.
Quando a interação merece atenção
A médica ressalta que, na prática, isso pode significar que o CBD reduza a velocidade de eliminação de alguns fármacos, aumentando sua concentração no sangue, enquanto o THC tende a ter interações mais leves, mas também utiliza as mesmas vias metabólicas.
“Alguns antibióticos, como claritromicina e eritromicina, podem aumentar os níveis de CBD e THC, intensificando efeitos como sonolência, tontura ou fadiga”, afirma a médica.
Por outro lado, antibióticos como a rifampicina fazem o oposto: aceleram o metabolismo da cannabis, reduzindo seus efeitos terapêuticos.
A boa notícia, segundo ela, é que “antibióticos mais comuns, como amoxicilina, azitromicina, metronidazol e cefalexina, não costumam causar interações importantes”. Ainda assim, a falta de pesquisas específicas indica que a cautela continua sendo o caminho mais seguro.
El Planteo reforça essa visão ao lembrar que ainda não se sabe ao certo se a cannabis inibe ou induz determinadas enzimas hepáticas, o que torna prudente consultar um profissional antes de combinar tratamentos.
Para a Dra. Carolina Rosa, o princípio é simples: “O mais importante é sempre avisar seu médico sobre o uso de cannabis medicinal antes de iniciar qualquer novo medicamento. Assim, é possível monitorar possíveis interações, ajustar doses quando necessário e garantir que ambos os tratamentos sejam seguros e eficazes.”
No fim, embora a cannabis não seja automaticamente proibida durante o uso de antibióticos, cada organismo reage de forma única e a orientação individualizada continua sendo a melhor forma de atravessar tratamentos com segurança.
Com informações de El Planteo.



