Ana Carolina Rocha Guimarães, de 32 anos, foi diagnosticada com Esclerose Múltipla em 2021. Desde então, a administradora encontrou na cannabis uma forma de melhorar sua qualidade de vida. “Sempre defenda essa opção de tratamento complementar”, afirma Ana Carolina.

A jornada de Ana Carolina com a Esclerose Múltipla começou de maneira sutil, mas alarmante. “Senti um formigamento no braço direito que se estendeu por todo o lado do corpo. Logo depois, comecei a perder força e equilíbrio, o que me levou a uma hemiparesia. Também desenvolvi visão dupla, o que afetou bastante minha vida”, relembra. Após 10 dias de internação no hospital e exames mais detalhados, o diagnóstico de Esclerose Múltipla foi confirmado.

Tratamento com o canabidiol

Desde o diagnóstico, Ana Carolina iniciou o tratamento convencional para prevenir surtos de Esclerose Múltipla. No entanto, ela sempre teve interesse em testar o canabidiol (CBD). “Iniciei o uso de CBD no começo deste ano e, apesar de ter interrompido por um tempo devido ao custo, retomei e está me fazendo muito bem”, comenta.

Apesar de alguns efeitos colaterais, como boca seca e tontura, Ana Carolina relata que os benefícios do CBD superam as expectativas. “Notei uma melhoria significativa na minha qualidade de vida, principalmente em relação à fadiga, dores, espasticidade e até problemas de sono”, explica. O canabidiol ajudou a administradora a lidar melhor com suas atividades diárias, proporcionando mais comodidade e qualidade de sono.

A paciente utiliza 10 gotas de óleo de cannabis pela manhã e mais 10 à noite. “O tratamento convencional previne crises e surtos, enquanto o canabidiol me ajuda com os sintomas diários”, esclarece.

O que é Esclerose Múltipla?

A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença neurológica autoimune crônica que compromete a camada de mielina, responsável por proteger os neurônios. Isso afeta o sistema nervoso central, resultando em uma série de sintomas debilitantes.

A doença não tem cura e suas causas envolvem fatores genéticos e ambientais, como infecções virais, tabagismo e obesidade. A Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM) estima que cerca de 40 mil pessoas convivem com a condição no Brasil e 2,8 milhões no mundo.

Entre os sintomas mais comuns do EM estão fadiga intensa, fraqueza muscular, problemas de coordenação motora, dores articulares, alterações visuais e depressão.

O papel da cannabis no tratamento

Estudos recentes indicam que o uso de derivados da Cannabis sativa, como o CBD e o tetrahidrocanabinol (THC), pode ser uma ferramenta útil no tratamento da Esclerose Múltipla. Pesquisas apontam que esses compostos ajudam a reduzir a liberação de proteínas inflamatórias, controlar a dor neuropática e diminuir a morte celular.

Segundo a ABEM, embora o uso de canabinoides ainda não seja a primeira escolha de muitos pacientes, a Anvisa já aprovou a comercialização de medicamentos à base de cannabis, como o Mevatyl, que é eficaz no tratamento da espasticidade, um sintoma comum em pacientes com EM.