Como encontrar a reconexão com você mesmo: psicóloga revela nova aliada

A psicóloga Daicy Saldanha, com mais de 20 anos de experiência clínica, explica como o uso consciente da cannabis pode ir além do alívio da dor, ajudando na reconexão emocional, no autoconhecimento e na construção de uma relação mais saudável consigo mesmo

Publicada em 14/08/2025

Quando a cannabis nos reconecta com nós mesmos

Descubra como o uso consciente dessa planta pode ajudar a reencontrar a calma e a presença no cotidiano | CanvaPro

Entre o barulho das notificações no celular, as demandas que se acumulam e a pressa que engole as horas, existe um silêncio interno que, muitas vezes, esquecemos como visitar. 

O corpo segue no automático, a mente se divide entre mil preocupações, e a sensação de estar inteiro no presente se perde pelo caminho. Cenário que levou a população brasileira a ocupar 4ª colocação no ranking de país mais estressado do mundo, segundo o relatório World Mental Health Day 2024, com 42% da população relatando viver sob pressão constante. Não se surpreenda ao ter a consciência de que essa rotina agitada pode levar você para longe de si mesmo. 


E se uma planta pudesse, com suavidade e consciência, nos devolver essa presença? 

A cannabis, por tanto tempo associada ao tabu, hoje ocupa novos espaços: está nas conversas abertas, nas pautas de podcasts, nas indicações de médicos, e até nas palavras de artistas que reconhecem seus benefícios. 


Mas, mais do que tendência ou remédio, ela começa a ser redescoberta como uma ferramenta de reconexão emocional, ou seja, um caminho de volta para si.


Respirar fundo, viver devagar


 

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"Não é sobre apagar a dor, mas dar a ela um novo lugar na história pessoal", afirma a psicóloga Daicy Saldanha, reforçando que o uso consciente da cannabis pode ser um caminho de cura quando guiado por propósito e acompanhamento profissional | Foto: Arquivo Pessoal

 

Quando usada com intenção e respeito, a cannabis pode abrir frestas na ansiedade crônica. Para a psicóloga e especialista em terapias integrativas Daicy Saldanha, com mais de 20 anos de experiência clínica, “ela desacelera a mente e cria um espaço interno para se conectar e estar presente no aqui e agora. É como num processo meditativo: amplia a percepção de si e das relações, facilita o acesso a conteúdos reprimidos e gera insights, permitindo uma relação mais amorosa e saudável consigo mesmo”, avalia.


Cepas ricas em canabidiol (CBD) costumam ser associadas ao alívio da tensão e ao acalmar do sistema nervoso. Já híbridas equilibradas oferecem um relaxamento sutil, ideal para momentos de introspecção. Mais do que reduzir sintomas, a planta parece abrir portas para o sentir. A percepção sensorial se afina, e o simples como o cheiro de um chá, o calor de um cobertor, o som de uma música, por exemplo, volta a ter profundidade.


Camadas que se revelam


Integrada a práticas terapêuticas, a cannabis pode ajudar a acessar emoções guardadas há muito tempo. “Quando há acompanhamento profissional, as defesas psíquicas se relaxam e as emoções reprimidas podem ser reconhecidas, liberadas e ressignificadas com mais leveza”, explica Daicy.

 

Assista ao episódio Cannabis com Alma no Deusa Cast:


Esse estado de maior segurança interna pode permitir que o paciente atravesse camadas de sofrimento que antes provocavam medo, raiva ou impotência. “Não é sobre fugir, é sobre sustentar o contato com essas dores para então superá-las”, reforça a psicóloga.


Variedades com predominância índica, por exemplo, são conhecidas por promover relaxamento físico profundo e auxiliar no sono. Para quem vive em constante vigília, essa pausa pode ser transformadora.


Respeito, intenção e escuta


O uso consciente da cannabis exige um pacto íntimo com a própria verdade. É fácil que o alívio imediato se transforme em um esconderijo, mas é o propósito profundo de se conhecer, de se acolher e de se transformar que sustenta o caminho como algo terapêutico. 


Como lembra a psicóloga Daicy, ampliar a percepção significa também estar disposto a atravessar as dores que emergem, sustentando-as até que possam ser ressignificadas. “Não é sobre apagar a dor, mas sobre dar a ela um novo lugar na história pessoal”, explica. 


O acompanhamento psicológico oferece as ferramentas para essa travessia, ajudando a pessoa a não se perder no conforto momentâneo. “O uso precisa ser em momentos de reflexão para não caracterizar um entretenimento ou mesmo uma necessidade causada pela dependência”, reflete.


Afinal, a cannabis pode ser uma chave para abrir portas internas, mas é preciso coragem para entrar nos cômodos que ela revela.
 

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