Relatório global aponta aumento no uso adulto de cannabis

World Drug Report 2024 destaca tendências em jovens adultos e padrões anteriores à legalização

Publicada em 16/12/2024

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Imagem Ilustrativa: Canva Pro

O consumo de cannabis continua a crescer globalmente, especialmente entre adultos jovens em regiões que legalizaram o uso. O fenômeno, analisado pelo World Drug Report 2024, reflete uma tendência crescente que antecede a regulamentação em locais como Estados Unidos, Canadá e Uruguai.

 

Tendências antes da legalização

 

Nos Estados Unidos, o aumento no consumo entre adultos foi registrado a partir de 2007, anos antes da legalização recreativa em estados como Colorado e Washington, em 2012. O Uruguai, primeiro país a legalizar a cannabis, observou um crescimento de 2,5 vezes no consumo geral entre 2006 e 2018. No Canadá, a legalização impactou principalmente jovens adultos de 20 a 24 anos, intensificando o uso nesta faixa etária.

 

Disparidades entre gêneros

 

Embora o uso da cannabis seja mais prevalente entre homens, o consumo entre mulheres apresenta taxas de crescimento mais aceleradas. Nos Estados Unidos, o consumo feminino mais que triplicou entre 2003 e 2022, superando a taxa de crescimento entre os homens no mesmo período.

 

Consumo adolescente estável

 

Apesar das altas taxas de uso entre adolescentes na América do Norte, o relatório aponta uma estabilidade nos números gerais. No Uruguai, o consumo entre jovens dobrou de 2003 a 2021, mas estabilizou após 2016, sugerindo que a regulamentação pode ter moderado a curva de crescimento.

 

Impactos e desafios

 

O relatório sugere que políticas de legalização e regulação podem moldar padrões de uso, reduzindo o mercado ilícito e influenciando os grupos demográficos mais afetados. No entanto, questões relacionadas ao aumento do uso entre jovens e mulheres exigem atenção para políticas preventivas e de saúde pública.
 

Sistema Endocanabinoide e Cannabis

 

O médico psiquiatra Dr. Wilson Lessa, atuante em terapias com cannabis, destaca a importância do sistema endocanabinoide (SEC) para o equilíbrio do organismo. De acordo com Lessa, o SEC desempenha um papel crucial nas áreas do cérebro associadas ao vício, conforme evidenciado em estudos, como o do pesquisador espanhol Jorge Manzanares, de 2018. O estudo sugere que os receptores canabinoides CB1, localizados em regiões cerebrais ligadas ao consumo e compulsão por substâncias, são essenciais para a compreensão do vício.

Segundo o psiquiatra, "os receptores canabinoides CB1, amplamente presentes nas áreas do cérebro envolvidas no consumo e compulsão por drogas, podem ser uma 'peça-chave' neste contexto". No entanto, Lessa observa que, embora a pesquisa sobre antagonistas dos receptores CB1 tenha mostrado resultados promissores inicialmente, algumas substâncias foram retiradas do mercado devido a efeitos adversos psiquiátricos graves. Diante disso, novas abordagens terapêuticas estão sendo exploradas, com foco em moduladores alostéricos e receptores CB2, que apresentam menor risco de efeitos colaterais.

Lessa explica ainda que "o alvo no sistema endocanabinoide pode tanto diminuir os efeitos de recompensa das substâncias quanto reduzir sintomas de abstinência e fissura, criando uma oportunidade promissora de pesquisa e tratamento". O avanço nessa área oferece novas perspectivas para o tratamento da dependência química, com o potencial de promover uma abordagem mais eficaz e segura. 
 


Uso terapêutico da cannabis como redução de danos 

 

O uso de cannabis para fins terapêuticos tem ganhado popularidade, e, com isso, surgem novas abordagens para minimizar os danos associados ao consumo. Um dos tópicos que tem chamado a atenção é o uso de óleo de cannabis como uma alternativa para reduzir os efeitos prejudiciais à saúde devido ao consumo fumado da planta. Fumar cannabis pode liberar substâncias tóxicas que prejudicam o sistema respiratório e cardiovascular, além de agravar condições de saúde como bronquite e enfisema.
 

O baixista Luís Mauricio, da banda Natiruts, compartilhou em entrevista ao Deusa Cast que a música, o esporte e a cannabis são os pilares de sua vida. Ele revelou também que atualmente utiliza a cannabis de forma medicinal para melhorar seu bem-estar. Veja o vídeo: 
 

 

 

 

Uso medicinal da cannabis


Luís Mauricio explicou que, ao longo dos anos, deixou de fumar cannabis por questões relacionadas à redução de danos e ao entendimento mais aprofundado sobre o sistema endocanabinoide. Segundo o músico, sua rotina mudou significativamente após a adaptação para o uso terapêutico do produto. "Já tem alguns anos que eu parei de fumar até por uma questão de redução de danos e por entender mais sobre o sistema endocanabinoide. Hoje, eu durmo muito melhor e tenho um equilíbrio melhor", afirmou.

 

O impacto na saúde


O uso medicinal da cannabis trouxe benefícios para o sono e o equilíbrio emocional de Luís Mauricio, que destaca a importância do cuidado com a saúde mental e física, especialmente em sua rotina intensa de trabalho.