UE lança guia para orientar países sobre o uso adulto da cannabis
União Europeia lança o Cannapol, guia criado pela Agência Europeia de Drogas para apoiar os países na formulação de políticas sobre o uso recreativo da cannabis
Publicada em 21/10/2025

A iniciativa reflete a mudança de paradigma rumo a uma abordagem baseada em evidências e redução de danos | CanvaPro
Enquanto o debate sobre a cannabis avança pelo continente europeu, um novo capítulo começa a ser escrito. Segundo reportagem do NewsWeed, a União Europeia lançou o Cannapol, um conjunto de ferramentas voltado a apoiar os Estados-Membros na formulação de políticas públicas sobre o uso recreativo da planta, um gesto que reconhece, antes de tudo, que o tempo da proibição punitiva está ficando para trás.
Criado pela Agência Europeia de Drogas (EUDA), o Cannapol propõe uma abordagem baseada em evidências e na redução de danos, acompanhando a mudança de percepção que já se espalha pela sociedade. Alemanha, Países Baixos, Malta, República Checa, Luxemburgo e Suíça caminham à frente desse processo, estruturando seus próprios modelos de legalização voltados para o uso adulto.
Para Michael Greif, diretor-geral da Associação Alemã de Empresas de Cannabis (BvCW), o projeto representa um passo cauteloso, mas na direção certa rumo a uma regulamentação europeia. Ainda assim, ele alerta que a experiência limitada da EUDA dentro da burocracia continental pode transformar o Cannapol em um simples exercício burocrático, se o diálogo com a sociedade e a indústria não for efetivo.
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A EUDA, que atua como um braço do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, promete que o projeto será desenvolvido em colaboração com reguladores, pesquisadores e organizações civis. A primeira fase, de três anos, prevê a coleta de dados em até doze países e o envolvimento de cerca de cinquenta especialistas, um esforço para compreender, com profundidade, como cada nação tem lidado com o tema.
Stephen Murphy, cofundador da Prohibition Partners, reforça que o sucesso da iniciativa depende da escuta ativa. Segundo ele, os quadros regulatórios não funcionam no vazio e devem refletir as realidades do mercado e da sociedade. Ele cita o exemplo da Suíça, onde reguladores têm trabalhado de forma colaborativa com diferentes setores para construir políticas mais humanas e eficazes.
Ainda de acordo com a EUDA, o Cannapol funcionará como um roteiro para os países que desejam desenvolver legislações baseadas em evidências, sem, no entanto, interferir diretamente na autonomia nacional. O projeto não abordará o uso medicinal, mas se concentrará exclusivamente na cannabis recreativa, analisando aspectos como cultivo, serviços bancários e modelos de licenciamento.
Um estudo recente da própria agência revelou que dois terços dos países da UE (19 em 27) apoiam algum tipo de regulamentação da cannabis para uso recreativo. A opinião pública, embora variável, demonstra um movimento crescente de compreensão de que o controle punitivo não solucionou os desafios do consumo, apenas ampliou desigualdades e distâncias.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) já reconhece a necessidade de substituir modelos punitivos por políticas que priorizem a saúde pública, os direitos humanos e o desenvolvimento social, segundo apuração do NewsWeed.
Com informações de NewsWeed.