A Comissão Europeia apresentou uma proposta para incluir a flor de cânhamo na lista de produtos agrícolas reconhecidos, abrindo caminho para sua regulamentação completa como cultura na União Europeia.

Atualmente, apenas sementes e fibras de cânhamo são oficialmente reconhecidas, o que limita comércio, subsídios e acesso a proteções legais. A mudança faz parte da revisão do Regulamento Comum que rege a Organização de Mercado dos Produtos Agrícolas e busca alterar o Anexo I do Tratado sobre o Funcionamento da UE.

Impactos da medida para o setor

Se aprovada, a proposta dará à flor de cânhamo o mesmo status de outras culturas agrícolas. Isso permitirá que produtores e processadores se beneficiem de regras comuns de comercialização, rotulagem e apoio financeiro.

Na prática, o reconhecimento jurídico fortalece o setor de derivados não psicoativos de cannabis, como os produtos ricos em CBD, cada vez mais presentes no mercado europeu.

Apoio político e institucional

A proposta foi impulsionada por associações do setor e por parlamentares europeus que defendem uma regulamentação baseada em evidências e nos princípios do mercado único.

Organizações como a Associação Europeia do Cânhamo Industrial (EIHA) celebraram o avanço como um marco na consolidação do cânhamo como uma cultura agrícola estratégica para a Europa.

Panorama europeu e o papel da Alemanha

A 10ª edição do Relatório Europeu sobre Cannabis, lançado em julho, destaca o rápido crescimento do setor. Entre os países analisados, a Alemanha se consolidou como protagonista, com um mercado avaliado em mais de € 670 milhões.

A aprovação da lei MedCanG, em vigor desde outubro de 2024, retirou a cannabis da lista de narcóticos e reduziu barreiras burocráticas que antes dificultavam médicos e pacientes. Desde então, o país ganhou mais de 20 clínicas de telemedicina, uma rede de importação robusta e preços mais acessíveis para as flores — principal formato de consumo.