Mito ou verdade: Maconha mata neurônios?  

Especialistas afirmam que não há qualquer indício de que a maconha possa queimar neurônios, contudo, alertam para o uso abusivo dos compostos da planta

Publicada em 29/08/2023

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Por redação Sechat

Em meio à controvérsia que circunda a legalização da posse de maconha para consumo pessoal, uma pergunta persiste e alimenta debates fervorosos:  

Será que a maconha tem o poder de queimar neurônios? 

MITO! Especialistas são unânimes em afirmar que não há qualquer evidência que respalde a ideia de que a maconha possa queimar neurônios. De acordo com médicos e pesquisadores, o uso descontrolado da substância pode acarretar riscos ao sistema nervoso central, mas a alegação de que ela seja capaz de aniquilar neurônios carece de base científica. 

Em entrevista a Veja, o médico Claudio Lottenberg, presidente do Conselho da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, destaca:  

"O uso indiscriminado e sem controle da maconha, evidentemente, traz riscos ao sistema nervoso central, contudo, ela não é capaz de matar os neurônios". 

Dartiu Xavier, coordenador do Programa de Orientação e Assistência a Dependentes da Unifesp, concorda, salientando que o uso adulto da planta pode alterar seu funcionamento, mas não os levar à destruição. Ele ressalta ainda que substâncias como álcool e solventes, podem exercer um efeito mais tóxico que o da cannabis, podendo efetivamente, danificar os neurônios. 

Alerta! 

Um contexto preocupante é o consumo de maconha pelos mais jovens, pois de acordo com especialistas, a adolescência é marcada pela formação incompleta do córtex pré-frontal, região do cérebro responsável por tomar decisões. Assim, o uso excessivo de maconha nessa fase pode ser crucial no desenvolvimento, podendo afetar negativamente essa formação. 

Lottenberg destaca que essa preocupação não se aplica ao uso terapêutico da cannabis. "O uso medicinal é monitorado, com doses seguras", assegura o médico. 

Mas como surgiu a crença de que a maconha "queima neurônios"?  

Em 1974, um estudo nos Estados Unidos expôs macacos à fumaça de cigarros de maconha de maneira contínua, resultando em suas mortes três meses depois. A análise cerebral revelou uma diminuição no número de células nervosas. No entanto, mais tarde foi descoberto que a ação destrutiva foi causada pela intoxicação pela fumaça, que reduziu a oxigenação no cérebro dos macacos. 

Em resumo, a ideia de que a maconha queima neurônios é uma interpretação equivocada de um experimento que foi mal interpretado e que não reflete a realidade dos efeitos da substância no cérebro humano.