Bebidas de cannabis: o que são, quais são e onde estão. Veja a lista

Bebidas com infusão de THC e CBD ganham espaço mundo afora. No Brasil, marcas usam apenas terpenos. Conheça algumas!

Publicada em 14/02/2025

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Imagem ilustrativa: Canva.

A indústria canábica não para de inovar, e um de seus ramos é o das bebidas. As bebidas de cannabis estão conquistando espaço nos mercados dos EUA, aparecendo em cervejarias e supermercados, para além dos dispensários. O e-commerce delas é outra tendência.

Compostas por canabinoides como tetra-hidrocanabinol (THC) ou canabidiol (CBD), essas bebidas oferecem uma alternativa ao álcool tradicional, com efeitos que variam de relaxamento a euforia.

Na França, em Portugal, no Uruguai e em outros países em que a legalização da cannabis avança, o comércio delas tem crescido. Já no Brasil… também! Mas apenas com os terpenos, sem os canabinoides.

 

O que são bebidas de cannabis?

 

As bebidas de cannabis são infundidas com compostos derivados da planta de cannabis, como o THC, o CBD e os terpenos presentes na planta. Disponíveis em versões como cervejas, vinhos, cachaças, refrigerantes, chás, mocktails, leites e cafés, elas proporcionam efeitos sensoriais que vão desde a leve sedação ao estímulo psicoativo, sem a ressaca do álcool.

No Brasil, como essa prática ainda é proibida, a saída que as marcas estão encontrando para produzir bebidas de cannabis é infundir terpenos da planta ou parecidos com os dela. Terpenos são as moléculas aromáticas das plantas, interferindo no sabor e no efeito delas. Na cannabis, um estudo holandês de 2016 identificou pelo menos 120 desses compostos odoríferos.

 

Lista de bebidas de cannabis no Brasil e no mundo

 

Algumas das cervejas canábicas brasileiras são:

- a Verdivita, presente em 2024 no 10º Pilsner Fest, em Salvador;

- a Balbúrdia Hemp, de Santa Catarina, que sofreu questionáveis perseguições em 2022 e em 2023;

- a Maine Berry Gelato, de Santos/SP, uma India Pale Ale infusionada com terpenos da cepa de cannabis Blueberry Gelato;

- a Mun Rá, feita pela Cervejaria Mito do Rio de Janeiro, uma tradicional Bohemian pilsner com sabor amargo e aroma floral resinoso, provenientes das strains Black Widow;

- a Blueberry Kush, natural de Nova Lima (MG), uma Double IPA "com perfil de pinho, dank, condimentos e claro, berries em geral";

- a Natural Mystic, uma Hazy Ale da cervejaria Luna, de São Paulo, com adição do tempero OG KUSH;

- a cerveja Raja Immanuel Beria, da Hocus Pocus, disponível em São Paulo e no Rio de Janeiro;

- a cervejaria Fumaçônica, de Curitiba, tem várias opções: a Breeze Blonde, a Flower Apa, a Kunk Ipa, a Hash Black Ipa e a Golden Kush Ipa, por exemplo;

- a cervejaria Everbrew, de Santos/SP, tem a cerveja 24k e Ever Dunk Hop Hash, dentre outras.

À Sechat, a sommelière especialista em cervejas Priscilla Colares já explicou que o lúpulo (Humulus lupulus), ingrediente das cervejas em geral, e a cannabis (Cannabis sativa) pertencem à mesma família botânica, a Cannabaceae, e compartilham diversas similaridades biológicas.

De vinhos canábicos, apelidados de cannawine, existe o rótulo francês Burdi W, feito da uva Petit Verdot, com 250 mg de cannabidiol, mais uma pequena dose de THC. Outra marca é a californiana Rebel Coast, que capricha na infusão de THC e tem espumantes e outras bebidas com o canabinoide. Como a Califórnia é realmente um destaque nessa área, outra marca bem avaliada é o californiano Herbaceé, com infusão de CBD, que tem o espumante Blanchette e o Rosier, este feito principalmente com uvas Grenache, Mourvèdre e Cinsault.

No Brasil, temos a Cannab & Wine, cuja bebida Calimocho tem terpenos que emulam a strain Lemon Haze, enquanto o Guara Wine remete à strain Orange Kush. Nenhum produto da Cannab & Wine, vale lembrar, contém canabinoides em sua composição.

Em solo brasileiro, igualmente sem THC ou CBD, há a cachaça Hemp, da Cachaça Social Club, proveniente de Campos dos Goytacazes/RJ.

Para quem gosta de café, a Café Blends Brasil tem cafés sensoriais, terpenados, como o Morning Kush e o Orange California.

Na Sechat, já partindo para os psicodélicos, é possível adquirir o café Smush, que tem a alquimia do cogumelo mágico.

O leite de cânhamo também já existe, como os da Good Hemp, que são veganos e contêm CBD.

 

A venda é legal?

 

Sim, mas com restrições. No exterior, bebidas com THC derivado da maconha só podem ser vendidas em estabelecimentos regulamentados. Já as bebidas derivadas do cânhamo, com até 0,3% de THC, têm um pouco mais de liberdade, como nos EUA, onde elas foram legalizadas pela Lei Agrícola de 2018 e podem ser encontradas em supermercados e lojas especializadas.

A legislação brasileira, em contrapartida, proíbe a infusão de THC e CBD, havendo margem legal apenas para o uso de terpenos.

 

Como essas bebidas afetam o organismo?

 

Os efeitos dependem da composição e da concentração de THC, CBD e terpenos. Bebidas com baixo teor de THC (até 5 mg) promovem relaxamento leve, enquanto doses mais elevadas (acima de 10 mg) podem gerar euforia intensa. O consumo combinado de CBD e THC tende a equilibrar os efeitos, reduzindo a ansiedade.

Os terpenos podem ter efeitos terapêuticos, gustativos e talvez até sedativos, a depender da quantidade. Se combinados com os canabinoides, eles realizam o “efeito entourage” ou “efeito comitiva”, uma sinergia entre tais compostos.

 

Potência e recomendações de consumo

 

A potência das bebidas de cannabis varia, podendo chegar a 100 mg de THC por porção. Para iniciantes, recomenda-se começar com doses de 2,5 a 5 mg. Os efeitos podem levar de 30 minutos a duas horas para se manifestar e durar até oito horas.

Antes de experimentar bebidas de cannabis, é importante verificar a legislação local, iniciar com doses baixas e aguardar os efeitos antes de ingerir mais. Além disso, pessoas com condições médicas de risco devem consultar um profissional de saúde.

Com a crescente popularidade dessas bebidas, consumidores devem se informar sobre efeitos e legislação para um consumo seguro e responsável.