Cannabis bom para cachorro: como a cannabis tem transformado a vida dos pets
Veterinária Maíra Meira conta como a cannabis medicinal transformou a vida de cães com dor crônica e distúrbios comportamentais, como Luke e Theodoro, oferecendo bem-estar e alívio sem os efeitos colaterais dos medicamentos tradicionais
Publicada em 24/07/2025

Cães mais calmos, tutores mais felizes: os efeitos da cannabis nos pets | Foto: Arquivo Pessoal
Tem dor que não late, mas implora por alívio no silêncio do olhar. Tem cuidado que não se ensina em manuais, mas pulsa na troca entre tutores e seus filhos de quatro patas.
Foi nesse espaço entre a ciência e o afeto que a cannabis medicinal encontrou lugar na rotina da veterinária Maíra Meira, e na vida de cães como Luke e Theodoro, que hoje correm mais livres, sem dor, sem medo, com o rabo abanando e o coração em paz.
Quando a dor insiste, a natureza responde

Foi em 2021 que a veterinária Maíra Meira, especialista em acupuntura e fitoterapia, começou a olhar para a cannabis como ferramenta terapêutica.
“Tenho muitos pacientes com dor crônica e via os resultados na medicina humana. Fiz um curso geral, depois um focado em prescrição veterinária, e fui ganhando coragem”, lembra. O empurrão final veio com uma husky, sua primeira paciente canábica, que havia passado por cirurgia e seguia sem conseguir andar. “A cannabis transformou esse caso e a minha prática”, diz.
Luke e Theodoro: menos dor, mais vida
Na casa de Adriana Sougey, Luke, de quase oito anos, é um cão de guarda criado como criança. “Ele tinha várias hérnias e começou a lamber as patas até ferir. Quando entrou com a cannabis, na primeira semana já parou.” A mudança devolveu a qualidade de vida ao pet e também à família. “Ver ele sofrendo me deixava ansiosa. A cannabis trouxe paz”, relata.

Theodoro, por sua vez, chegou pelas mãos do acaso: resgatado das ruas, foi acolhido por Álvaro. “Ele mordia muito a cauda. Achamos que era a síndrome da cauda equina. Com a cannabis, as crises diminuíram muito. Hoje, quase não aparecem”, pontuou o tutor.

Para Maíra, a cannabis entrou onde os fármacos falharam. “A maioria dos meus pacientes tem artrose, hérnia de disco, displasia, epilepsia, disfunção cognitiva. Muitos já não respondiam a tratamentos convencionais. E com a cannabis, conseguimos controlar os sintomas, sem os efeitos colaterais dos remédios sintéticos”, comenta.
Ela também relata avanços em casos comportamentais, como agressividade, ansiedade e reatividade. “Cães que não melhoravam com mudanças de manejo passaram a viver com mais leveza. A planta regula o corpo e a mente”, reflete.
Prescrição com critério e cuidado contínuo
Maíra analisa cada paciente de forma individualizada: queixa principal, idade, histórico, exames. A dosagem é ajustada com acompanhamento próximo, principalmente no início. “Faço consultas presenciais a cada seis meses e exames laboratoriais para monitorar o uso contínuo. O que vejo é que, diferente dos remédios tradicionais, a cannabis ajuda a regular o organismo”.

Embora ainda exista resistência em alguns círculos, Maíra afirma que seus tutores chegam com abertura e interesse. “Aqui no Grande Recife, vejo uma procura crescente. Muitos já chegam dizendo: ‘Quero tentar a cannabis no meu pet’. A aceitação é imediata”.
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Um rabo abanando como resposta
Os casos de Luke e Theodoro são só dois entre muitos. Mas representam o que a cannabis tem proporcionado a cães e gatos: dignidade no tratamento, alívio sem sofrimento e bem-estar sem efeitos colaterais. No olhar tranquilo desses animais, Maíra encontra a confirmação de que está no caminho certo. E os tutores, finalmente, respiram com o coração mais calmo com a certeza de que a “Cannabis é Bom para Cachorro”.