Cannabis e riscos cardiovasculares: nova pesquisa alerta para efeitos adversos
Estudo publicado na revista Nature revela associações entre o uso de cannabis e doenças cardíacas, trazendo novas evidências sobre impactos à saúde
Publicada em 28/01/2025
Imagem Ilustrativa: Canva Pro
Pesquisadores destacam na revista Nature que, embora a cannabis tenha ganhado popularidade com mudanças regulatórias e seu potencial terapêutico, seus efeitos sobre o sistema cardiovascular levantam preocupações. O estudo aponta que os canabinoides podem desencadear eventos adversos graves, como infarto do miocárdio e arritmias, o que exige mais investigações para embasar políticas públicas de saúde.
As doenças cardiovasculares no Brasil
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil, responsáveis por cerca de 400 mil óbitos anuais, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Isso equivale a uma morte a cada 90 segundos, totalizando 46 óbitos por hora. Entretanto, 80% desses casos são evitáveis. Em entrevista à Agência Brasil, Luiz Antonio Pertili Rodrigues de Resende, cardiologista e gerente de Atenção à Saúde do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), enfatiza que avaliações clínicas rotineiras, aliadas a exames laboratoriais e de imagem, são cruciais para identificar fatores de risco precocemente.
“O check-up permite que medidas preventivas possam ser introduzidas precocemente. Ele também é importante para a conscientização do indivíduo sobre a sua saúde e sobre o seu importante papel no autocuidado. A periodicidade está condicionada ao estado clínico de cada paciente e deve ser individualizada. Porém, de uma forma geral, para pacientes com boa saúde e assintomáticos, recomenda-se a avaliação anual”, afirmou.
O cardiologista Fernando de Martino, do HC-UFTM, ressalta que, nos últimos anos, o número de pacientes jovens com doenças cardiovasculares tem aumentado. De acordo com ele, essa elevação guarda relação com o estilo de vida marcado pela rotina acelerada e pelo estresse.
“Os indivíduos têm se exposto a vários fatores de risco muito precocemente como o sedentarismo, o excesso de peso, a má alimentação, o tabagismo, e o consumo excessivo de álcool”, disse à Agência Brasil.
Receba notícias e conteúdos exclusivos sobre o universo da cannabis:
Newsletter: Cadastre-se e saiba tudo em primeira mão!
WhatsApp e Telegram: Notícias direto no seu celular.
E mais:
Siga o Sechat na sua rede preferida!
Instagram | X | Linkedin | Facebook | TikTok | LinkBio | Flipboard
Não perca nada! Siga agora e fique conectado.
Congresso Brasileiro de Cannabis Medicinal (CBCM) com 36% de desconto
Aproveite a virada de lote! Até o dia 1º de fevereiro, o ingresso para o maior evento de cannabis medicinal do Brasil está de R$ 1080 por R$ 690. [Comprar agora]
Os efeitos cardiovasculares da cannabis
O sistema endocanabinoide desempenha um papel crucial na regulação do humor, memória e saciedade, além de influenciar o sistema cardiovascular. Contudo, os efeitos adversos dos canabinoides sobre o coração incluem:
- Infarto do miocárdio: Ligado ao estresse oxidativo e inflamação mediada pelo receptor canabinoide CB1.
- Arritmias e insuficiência cardíaca: Associadas ao uso crônico de cannabis e canabinoides sintéticos.
- Interações com o tabaco: Uso concomitante potencializa danos cardiovasculares e aumenta a dependência.
O impacto dos canabinoides sintéticos
Derivados como 'K2' e 'Spice' estão ganhando atenção devido à sua toxicidade elevada. Esses compostos, mais potentes que os canabinoides tradicionais, representam uma preocupação crescente de saúde pública, especialmente pelos seus impactos cardíacos.
Novos caminhos para terapias
Apesar dos riscos, o estudo aponta que antagonistas CB1 e agonistas CB2 podem ter aplicações terapêuticas promissoras para doenças cardiovasculares. Contudo, desafios como efeitos adversos e dados limitados dificultam sua implementação clínica.
Uso recreativo e riscos cardiovasculares
Segundo a médica integrativa Lina Dantas, o uso recreativo da cannabis pode estar associado a um aumento do risco de problemas cardiovasculares, especialmente quando consumido por meio do fumo. "O uso recreativo pode estar associado a esse risco, principalmente pelo fato de ser frequentemente consumido por meio do fumo, muitas vezes combinado com o tabaco", explica.
Esse processo, segundo Dantas, está relacionado à liberação de radicais livres provocada pelo tabagismo e pelo calor da combustão, o que pode gerar inflamação e microlesões nas paredes dos vasos sanguíneos. "Isso pode gerar inflamação e microlesões nas paredes dos vasos sanguíneos, favorecendo o acúmulo de trombos e gordura, o que pode levar ao desenvolvimento de aterosclerose", afirma.
Ela menciona que há estudos que associam o uso recreativo da cannabis a problemas cardíacos, como infarto, mas ressalta que ainda não há consenso científico sobre essa relação.
Entre os efeitos do THC no organismo, Dantas destaca a possibilidade de taquicardia e alteração do ritmo cardíaco, o que pode ser um fator de risco para pessoas com predisposição a arritmias. "O que sabemos é que o THC pode causar taquicardia e alterar o ritmo cardíaco, o que pode ser um fator de risco para pessoas com predisposição a arritmias. No entanto, não há artigos científicos conclusivos sobre essa relação."
Sobre overdose de cannabis, a médica afirma que nunca viu relatos desse tipo de ocorrência. "Não vi relatos de overdose por cannabis."
Para Dantas, é fundamental diferenciar os usos da cannabis e compreender os impactos de cada forma de consumo. "O contexto do uso recreativo, especialmente quando envolve a combustão, traz fatores de risco que devem ser analisados com cuidado. Já no uso medicinal, o acompanhamento profissional pode minimizar riscos e otimizar benefícios."
O consumo de cannabis sem a devida orientação médica pode causar efeitos sobre o sistema cardiovascular e os pesquisadores alertam que esses efeitos não podem ser ignorados. Estudos adicionais são necessários para explorar tanto os riscos quanto o potencial terapêutico, especialmente no desenvolvimento de novos tratamentos para doenças cardiometabólicas. A publicação na Nature traz uma abordagem sobre os riscos cardiovasculares.