CBD e epilepsia: quando cada crise evitada é uma história que continua
Revisão mostra que o CBD pode reduzir em até 41% as crises em casos de epilepsia resistente, oferecendo nova esperança para pacientes e familiares
Publicada em 14/07/2025

Canabidiol na epilepsia: menos crises, mais vida | CanvaPro
Entre uma crise e outra, há uma espera angustiante. Para quem convive com a epilepsia, especialmente aquela que resiste aos tratamentos convencionais, cada dia sem convulsão é uma vitória, um respiro, um fio de esperança que se estende.
É nesse cenário que o canabidiol, o CBD, composto não psicoativo da planta cannabis sativa, surge como uma possibilidade real, respaldada agora por uma revisão sistemática e meta-análise que reúne dados robustos sobre sua eficácia.
A pesquisa, guiada por critérios rigorosos, mostra que o CBD pode reduzir em média 41% das convulsões em pacientes com epilepsia farmacorresistente. Um número que não é só estatística: é qualidade de vida, é alívio, é recomeço.
Um olhar mais atento sobre o invisível
A epilepsia não é apenas uma condição neurológica; é também uma experiência de vida. Muitas vezes silenciosa, outras tantas violenta, ela impõe limites que vão muito além do corpo. Mesmo com tratamentos disponíveis, cerca de 20% das pessoas com epilepsia não encontram alívio com os medicamentos convencionais.
Esse grupo, chamado de “farmacorresistente”, vive à margem da previsibilidade. E é justamente para essas pessoas que a ciência vem voltando seus olhos e corações, testando novos caminhos como o uso do CBD, cujas propriedades anticonvulsivantes, neuroprotetoras e até antidepressivas começam a se mostrar promissoras.
Dados que respiram: o que a ciência revelou
O estudo analisou diversos ensaios clínicos controlados e randomizados, com foco em pacientes com epilepsia resistente. Em todos eles, o CBD foi administrado de forma padronizada, e a comparação com o placebo foi clara: uma diferença de mais de 20 pontos percentuais na redução de crises.
Em números, isso significa que quem usou CBD teve uma chance 127% maior de responder positivamente ao tratamento. O impacto foi ainda mais notável em síndromes severas como Dravet e Lennox-Gastaut, onde, em alguns casos, os pacientes chegaram a ficar completamente livres de convulsões.
Doses, cuidados e singularidades
Mas como todo tratamento potente, o uso do CBD exige cuidado. O estudo mostra que a resposta ao composto é dose-dependente, ou seja, doses mais altas geralmente proporcionam melhores resultados, mas também aumentam os efeitos adversos, como sedação, perda de apetite e alterações hepáticas.
Isso nos lembra de uma verdade antiga e necessária: cada corpo é um universo. Nem todos reagem da mesma forma, e o que funciona para uns pode não funcionar para outros. O que reforça a urgência de protocolos personalizados, com acompanhamento cuidadoso e contínuo, especialmente nos primeiros meses de uso.
A urgência de pensar o amanhã
A maioria dos estudos analisados teve duração curta, cerca de 12 semanas. Isso significa que ainda sabemos pouco sobre os efeitos do uso prolongado do CBD. Mais pesquisas são necessárias – e urgentes – para entender se os benefícios se sustentam no tempo e como minimizar os riscos a longo prazo.
Além disso, é preciso romper as barreiras do acesso. No Brasil, o uso do CBD ainda é uma realidade para poucos. Os altos custos, a necessidade de importação e a falta de inclusão nas diretrizes oficiais de tratamento são entraves que distanciam o paciente de um direito básico: o direito à saúde.
O que precisa mudar para que o CBD chegue a quem precisa?
A revisão deixa claro: o CBD tem potencial para mudar vidas. Mas essa promessa só se realiza plenamente se houver mudanças estruturais. É preciso investir em pesquisa local, criar políticas públicas de acesso, incluir o CBD na lista de medicamentos essenciais e ouvir quem vive com a epilepsia no cotidiano.
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Também é urgente identificar marcadores que possam prever quem se beneficiará mais do tratamento. Assim, poderemos caminhar em direção a uma medicina mais justa, mais precisa, mais humana.
Vale lembram que o CBD não é uma cura milagrosa. Mas pode ser, para muitos, a chance de viver dias com menos dor e mais presença. A ciência nos entrega os números, mas é nas entrelinhas que lemos o que realmente importa: crianças que voltam a brincar, adultos que retomam seus trabalhos, cuidadores que podem descansar um pouco mais tranquilos.
Com informações de CannaReporter.