Efeitos colaterais na terapia psicodélica: quais são e como evitá-los?
A evolução da segurança em terapias com substâncias psicodélicas e os desafios de minimizar riscos
Publicada em 28/11/2024
Imagem: Canva
As terapias psicodélicas assistidas têm ganhado destaque como uma promissora alternativa no tratamento de transtornos como depressão e TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático). Substâncias como psilocibina, LSD e MDMA são objeto de estudos que apontam para benefícios terapêuticos significativos. No entanto, embora os resultados positivos atraiam atenção, as discussões sobre potenciais efeitos adversos ainda carecem de maior aprofundamento.
Um recente estudo publicado no Journal of Psychopharmacology propôs uma abordagem abrangente para identificar, monitorar e reportar os possíveis efeitos colaterais das terapias psicodélicas. Essa nova estrutura reforça a necessidade de maior vigilância na aplicação dessas substâncias, garantindo que a segurança dos pacientes acompanhe o entusiasmo pela inovação.
Quais são os principais riscos?
Entre os 54 possíveis efeitos adversos identificados pelo estudo, destacam-se:
Impactos Psicoespirituais: Algumas pessoas podem experimentar conflitos existenciais ou mudanças negativas em crenças espirituais.
Problemas Interpessoais: Alterações no comportamento social, como isolamento ou dificuldade em relacionamentos, podem surgir devido às mudanças induzidas pelos psicodélicos.
Mudanças Comportamentais: Distúrbios de sono e aumento no uso de substâncias foram relatados em alguns casos.
- Danos Culturais e Epistêmicos: Conflitos com valores culturais ou religiosos podem surgir, gerando desconforto ou desorientação no paciente.
Além disso, sintomas como ansiedade intensa, depressão prolongada e até pensamentos suicidas foram observados em casos isolados, reforçando a importância de distinguir entre desconfortos esperados e reações adversas genuínas.
Como evitar efeitos colaterais?
A nova estrutura proposta pelos pesquisadores sugere estratégias para minimizar os riscos:
Monitoramento Personalizado: Combinar autorrelatos dos pacientes com observações clínicas e feedback de pessoas próximas.
Acompanhamento a Longo Prazo: Avaliações regulares por até seis meses após o tratamento são essenciais para identificar efeitos tardios.
Capacitação de Terapeutas: Profissionais devem ser treinados para reconhecer e lidar com possíveis efeitos adversos, evitando subestimar relatos dos pacientes.
Adaptação Cultural: O respeito às crenças individuais deve ser priorizado para evitar conflitos culturais ou religiosos.
Embora os avanços nas terapias psicodélicas sejam promissores, a segurança deve permanecer em primeiro plano. Diretrizes robustas, como as propostas pelo estudo, são essenciais para garantir que os benefícios dessas práticas superem os riscos.
O acompanhamento cuidadoso e contínuo, aliado a uma abordagem ética e personalizada, pode transformar as terapias psicodélicas em uma ferramenta ainda mais eficaz e confiável para a saúde mental.