Estudo aponta integração entre experiência e cérebro no uso de psicodélicos

Artigo mostra que psicodélicos como psilocibina e LSD podem impulsionar a neuroplasticidade, mas destaca que a experiência subjetiva é essencial para protocolos de saúde mental mais precisos

Publicada em 01/10/2025

Estudo aponta integração entre experiência e cérebro no uso de psicodélicos

Psicodélicos e neuroplasticidade abrem caminho para uma psiquiatria de precisão, aponta artigo | CanvaPro

Um artigo publicado na Frontiers in Psychiatry, assinado por pesquisadores do Instituto Psiquiátrico do Estado de Nova York e da Universidade de Columbia, defende que a terapia assistida por psicodélicos deve combinar duas dimensões: a neuroplasticidade e a vivência subjetiva. 


A ideia é que esse alinhamento seja capaz de gerar melhores resultados clínicos e orientar protocolos mais personalizados em saúde mental.


Segundo os autores, compostos como psilocibina, LSD, DMT e mescalina apresentam efeitos rápidos na conectividade funcional e na plasticidade sináptica. Porém, a eficácia terapêutica não se explicaria apenas pela ação serotoninérgica dessas substâncias. A fenomenologia das chamadas “viagens” seria fundamental para entender por que alguns pacientes respondem de maneira consistente, enquanto outros não.


Caminhos para protocolos mais precisos


O artigo propõe que os psicodélicos sejam vistos como parte de uma classe de drogas capazes de promover mudanças estruturais e funcionais no cérebro em períodos curtos de tempo, o que abre margem para pensar em intervenções psiquiátricas mais individualizadas. 


Na prática, os autores do estudo sugerem protocolos que integrem não apenas perfis biológicos, mas também fatores psicológicos e contextuais, como histórico de trauma, estilo de apego, cultura e rede de apoio.


Ainda assim, o estudo ressalta que há limitações a serem enfrentadas, como a falta de evidências robustas sobre a duração das mudanças cerebrais e a necessidade de ensaios clínicos mais rigorosos. O debate regulatório e ético também segue em aberto, entre avanços promissores no tratamento de depressão e outros transtornos e a urgência em estabelecer padrões metodológicos e políticas que priorizem a redução de danos.


Para os pesquisadores, a psiquiatria de precisão com psicodélicos só poderá cumprir seu potencial se conseguir unir evidências científicas sólidas, treinamento clínico adequado e políticas públicas que superem o proibicionismo. Afinal, se a neuroplasticidade abre a porta, é a experiência vivida que define até onde o paciente pode chegar.
 

Com informações de Cañamo.